sábado, 4 de novembro de 2017

São Carlos Barromeu, Bispo

Nota biográfica:
       Nasceu em Arona (Lombardia) no ano 1538; depois de ter conseguido o doutoramento In utroque iure, foi nomeado cardeal por Pio IV, seu tio, e eleito bispo de Milão. Foi um verdadeiro pastor da Igreja no exercício desta missão: visitou várias vezes toda a diocese, convocou sínodos e desenvolveu a mais intensa actividade, em todos os sectores, para a salvação das almas, promovendo por todos os meios a renovação da vida cristã. Morreu no dia 3 de Novembro de 1584.
Bento XVI sobre São carlos Barromeu:
       "Carlos Barromeu, Arcebispo de Milão. A sua figura sobressai no século XVI como modelo de Pastor exemplar pela caridade, doutrina, zelo apostólico e sobretudo pela oração: 'As almas, dizia ele, conquistam.-se de joelhos'. Consagrado Bispo com apenas 25 anos, pôs em prática quanto o Concílio de Trento ditou... fundou seminários... construiu hospitais e destinou as riquezas da família para os pobres; defendeu os direitos da Igreja contra os poderosos; renovou a vida religiosa... Em 1576, quando alastrou a peste, visitou, confortou e gastou para os doentes todos os seus bens... a ponto de ser chamado... 'Anjo dos empestados'."

Do sermão de São Carlos, bispo, no encerramento do último Sínodo, Milão 1599

Não digas uma coisa e faças outra

Confesso que todos somos fracos; mas o Senhor Deus pôs à nossa disposição os meios que, se quisermos, facilmente nos podem ajudar. Tal sacerdote desejaria adoptar a pureza de vida que lhe é exigida, ser casto e ter costumes angélicos, como é devido. Mas não se propõe lançar mãos dos meios para isso: jejuar, rezar, fugir de más conversas e de familiaridades perigosas.
Queixa-se outro sacerdote de que, ao entrar no coro para salmodiar ou ao dispor se para celebrar missa, imediatamente lhe assaltam o espírito mil coisas que o distraem de Deus. Mas, antes de ir para o coro ou para a missa, que fazia ele na sacristia, como se preparou e que meios escolheu e empregou para concentrar a atenção?
Queres que te ensine como adiantar de virtude em virtude e, se já estiveste com atenção no coro, como estarás na vez seguinte ainda mais atento, para que o teu culto de louvor seja cada vez mais agradável a Deus? Ouve o que digo. Se já se acendeu em ti alguma centelha do amor divino, não queiras manifestá-la imediatamente, não queiras expô-la ao vento. Deixa o forno fechado, para não arrefecer e perder o calor. Evita as distrações na medida do possível. Conserva te recolhido com Deus e foge das conversas frívolas.
É tua missão pregar e ensinar? Estuda e consagra-te a quanto é necessário para desempenhar devidamente esse ministério. Procura, antes de tudo, pregar com a tua própria vida e os teus costumes, para não acontecer que, vendo te dizer uma coisa e fazer outra, comecem a menear a cabeça e a troçar das tuas palavras.
Exerces a cura de almas? Não descures então o cuidado de ti próprio, para não te dares tão desinteressadamente aos demais que nada reserves para ti. Sem dúvida, é necessário que te lembres das almas que diriges, mas desde que te não esqueças de ti.
Compreendei, irmãos, que nada é tão necessário para todos os clérigos como a oração mental, que precede, acompanha e segue todas as nossas orações. Cantarei, diz o profeta, e meditarei. Se administras sacramentos, irmão, medita no que fazes; se celebras missa, pensa no que ofereces; se cantas no coro, considera a quem falas e o que dizes; se diriges almas, medita em que sangue foram purificadas. Tudo entre vós se faça com espírito de caridade. Assim poderemos vencer facilmente as inumeráveis dificuldades que inevitavelmente encontramos cada dia (formam parte do nosso ministério). Assim teremos força para fazer nascer Cristo em nós e nos outros.
Oração de Colecta:
       Conservai, Senhor, no vosso povo o espírito que animava São Carlos, para que a Igreja se renove sem cessar e, reproduzindo fielmente a imagem de Cristo, possa mostrar ao mundo o verdadeiro rosto do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
BENTO XVI, A santidade não passa de moda. Editorial Franciscana: 2010.

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