sexta-feira, 7 de abril de 2017

Se não acreditais em Mim, acreditai nas minhas obras

       A liturgia da Palavra mostra à saciedade como a verdade e o bem fazem mossa, ainda que em sentido de oposição e de perseguição. Jeremias é bem o exemplo que a denúncia do mal e o anúncio do bem, da palavra de Deus, da urgência da conversão interior e adesão aos Mandamentos, pode irritar aqueles que vivem à margem, melhor, vivem alheados e contra a Lei. Em vez de corrigirem, perseguem o profeta para se livrarem um vez por todas do seu testemunho e das suas palavras.
Disse Jeremias: «Eu ouvia as invectivas da multidão: ‘Terror por toda a parte! Denunciai-o, vamos denunciá-lo!’ Todos os meus amigos esperavam que eu desse um passo em falso: ‘Talvez ele se deixe enganar e assim o poderemos dominar e nos vingaremos dele’. Mas o Senhor está comigo como herói poderoso e os meus perseguidores cairão vencidos. Ficarão cheios de vergonha pelo seu fracasso, ignomínia eterna que não será esquecida. Senhor do Universo, que sondais o justo e perscrutais os rins e o coração, possa eu ver o castigo que dareis a essa gente, pois a Vós confiei a minha causa. Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, que salvou a vida do pobre das mãos dos perversos» (Jer 20, 10-13).
       De modo semelhante sucede a Jesus. A Sua missão está a chegar ao seu termo. É por demais evidente que alguns de entre os judeus não só não aceitam a Sua palavra como se sentem ameaçados, expostos pela Sua vida, pela Sua postura. As palavras que levam Jesus a reconhecer que todos são filhos, herdeiros, irmãos e que devem ser tratados como tal, pessoas livres, não agradam aos que detêm o poder e se julgam acima das pessoas mais pobres e das classes mais baixas.
Os judeus agarraram em pedras para apedrejarem Jesus, Então Jesus disse-lhes: «Apresentei-vos muitas boas obras, da parte de meu Pai. Por qual dessas obras Me quereis apedrejar?» Responderam os judeus: «Não é por qualquer boa obra que Te queremos apedrejar: é por blasfémia, porque Tu, sendo homem, Te fazes Deus». Disse-lhes Jesus: «Não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’? Se a Lei chama ‘deuses’ a quem a palavra de Deus se dirigia – e a Escritura não pode abolir-se –, de Mim, que o Pai consagrou e enviou ao mundo, vós dizeis: ‘Estás a blasfemar’, por Eu ter dito: ‘Sou Filho de Deus’!» Se não faço as obras de meu Pai, não acrediteis. Mas se as faço, embora não acrediteis em Mim, acreditai nas minhas obras, para reconhecerdes e saberdes que o Pai está em Mim e Eu estou no Pai». De novo procuraram prendê-l’O, mas Ele escapou-Se das suas mãos. Jesus retirou-Se novamente para além do Jordão, para o local onde anteriormente João tinha estado a baptizar e lá permaneceu. Muitos foram ter com Ele e diziam: «É certo que João não fez nenhum milagre, mas tudo o que disse deste homem era verdade». E muitos ali acreditaram em Jesus (Jo 10, 31-42).

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