segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Augusto Cury - ANSIEDADE. Enfrentar o mal do século

AUGUSTO CURY (2015). Ansiedade. Como enfrentar o mal do século. Lisboa: Pergaminho. 160 páginas.
       Augusto Cury tornou-se um escritor de renome, que lhe vem da formulação de algumas teorias em psicologia e psiquiatria. Durante 17 anos estudou e produziu um nova teoria: Inteligência Multifocal (TIM), escrevendo milhares de páginas. A tese inicial tinha mais de 3 páginas. Para conseguir que publicassem o seu trabalho teve de batalhar muito. Ao longo do tempo têm vindo a público diversas publicações, que partem daquela teoria, exemplificam-na, tornam-na explícita e acessível a todos.
       Este livro coloca em evidência o SPA - Síndrome do Pensamento Acelerado. Pensar faz bem. Não temos forma de parar o pensamento. É o maior centro de lazer do ser humano. No entanto pensar demasiado é prejudicial à saúde mental e, consequentemente, à pessoa.
        Temos muita informação, mas não somos mais felizes. A ciência e a tecnologia permite-nos resolver muitos problemas mas não têm acrescentado muita qualidade à nossa vida emocional, afetiva. A esperança média de vida é muito mais elevada, mas começamos a morrer muito antes, a envelhecer, ficando pessimistas, agressivos, doentes. E com um forte poder da mente, o surgimento de doenças corporais. O corpo e a mente estão interligadas. Somos psicossomáticos.
       Um dos males maiores do nosso tempo, segundo Augusto Cury, é o SPA, a ansiedade. Não estamos satisfeitos com nada. Pensamos em demasia, fazemos luto antes do tempo, andamos demasiado ocupados e preocupados, não temos tempo para apreciar a vida, a beleza à nossa volta, trabalhamos muitas horas que nem temos tempo para as pessoas que nos são queridas.
       Lembra-nos o autor, que a nossa mente regista milhares de informações, num fenómeno que chama de RAM (Registo automático da memória). Num computador podemos apagar o que não nos interessa, na nossa mente não, não podemos apagar partes da memória, quando muito podemos reeditar as memórias. Com efeito, a memória regista privilegiadamente os acontecimentos, momentos, mais significativos, positivos ou negativos. Se não fizermos a crítica aos nossos pensamentos, se não duvidamos do nosso pessimismo, então poderemos viver num campo minado de emoções.
       Outro dos termos utilizados por Augusto Cury, as janelas killer, pensamentos assassinos. Um clique e disparamos, por vezes sem saber bem porquê. Vem uma lembrança e caímos derrotados, antecipando problemas ou criando-os, deixando-nos abater por uma crítica ou uma derrota. O desafio do autor é a que façamos higiene mental através da técnica de DCD - duvide, critique, determine... Duvide da sua incapacidade, critique os seus pensamentos sobretudo os que são negativos. Seja determinado em promover pensamentos e decisões positivas.

Algumas expressões do autor neste livro:
"Quem não estiver preparado para perder o trivial não é digno de conquistar o essencial. E, se formos amigos da sabedoria, descobriremos que o essencial são as pessoas que amamos... " (p 7).
"O dinheiro compra bajuladores, mas não amigos; compra pacotes turísticos, mas não a alegria; compra todo e qualquer tipo de produto, mas não uma mente livre; compra seguros, mas não o seguro emocional" (pp 10-11).
"Tudo o que mais detestamos ou rejeitamos será registado com maior poder, formando janelas traumáticas, que denomino killer. Se o leitor detesta alguém, tenha a certeza de que essa pessoa dormirá consigo e estragará o seu sono" (p 27).
"A loucura e a racionalidade são mais próximas uma da outra do que imaginamos. Por isso, uma pessoa inteligente jamais discrimina ou diminui os outros" (p 30).
"Quem vence sem riscos triunfa sem dignidade" (p 33).
"Quem vence sem dificuldade triunfa sem grandeza" (p 86).
"Quem vence sem crises e acidentes vence sem glória" (p 144).
"Não há céu sem tempestade" (p 40).
"Ser sábio não significa ser perfeito, não falhar, não chorar e não ter momentos de fragilidade. Ser sábio é aprender a usar cada dor como uma oportunidade para aprender lições, cada erro como ocasião para corrigir caminhos, cada fracasso como hipótese de recomeçar" (p 45).
"A maturidade psíquica não exige que sejamos heróis, mas seres humanos com uma humildade inteligente, capazes de reconhecer a nossa pequenez e imaturidade e de construir uma nova estratégia, uma plataforma de janelas saudáveis, um novo «bairro» na nossa memória. O heroísmo deve ser enterrado" (p 61).
"Pais que querem ensinar os seus filhos a ser pacientes quando eles são impulsivos... o exemplo grita mais do que as palavras... quem trai as suas palavras com as suas ações precisa de aumentar o tom de voz e exercer pressão para ser ouvido. É, portanto, um péssimo líder. Devemos plantar janelas light para contribuir para a formação de mentes livres e de emoções saudáveis" (p 68-69).
"É fundamental que os pais não deem presentes e roupas em excesso aos filhos nem os coloquem em múltiplas atividades. É igualmente fundamental que conquistem o território da emoção deles e saibam transferir o capital das suas experiências, ou seja, que lhes deem o que o dinheiro não pode comprar. Não deixá-los o dia inteiro ligados às redes sociais e a usar smartphones. A utilização ansiosa destes aparelhos pode causar dependência psicológica como algumas drogas..." (p 110).
"Um Eu saudável e inteligente percebe que todos os seres humanos são igualmente complexos no processo de construção de pensamentos, embora essa construção implique diferentes manifestações culturais, velocidade de raciocínio, coerência e sensibilidade (p 84).
"O Eu gestor faz uma higiene mental diária: duvida dos pensamento perturbadores, critica as falsas crenças e determina ou decide estrategicamente aonde quer chegar; portanto, usa a técnica do duvidar, criticar e determinar (DCD)" (p 86).
"Duvidar de tudo o que nos aprisiona, criticar cada pensamento que nos fere e determinar estrategicamente aonde queremos chegar quanto à nossa qualidade de vida e relações sociais são tarefas fundamentais do Eu" (p 136).
"Quem exige demasiado de si retira o oxigénio da própria liberdade, asfixia a sua criatividade e, o que é pior, estimula o registo automático da memória produzir janelas killer sempre que falha, tropeça, claudica ou não corresponde às suas altíssimas expectativas" (p 92)
"Quem faz muito do pouco é muito mais estável e saudável do que quem precisa de muito para sentir migalhas de prazer" (p 92).
"A imaturidade emocional acompanha algumas necessidades neuróticas: de poder, de estar sempre certo, de não saber lidar com os limites, de controlar os outros, de querer tudo rapidamente e de ser o centro das atenções sociais" (p 122).
"Quem não luta pelos seus sonhos e quer tudo rapidamente será uma eterna criança" (p 123).
"Só os amigos nos traem; os inimigos dececionam-nos. Só as pessoas a quem nos damos nos podem ferir tanto" (p 145).
Outros livros que já sugerimos anteriormente (clique sobre o título):

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