quinta-feira, 5 de novembro de 2015

ÓSCAR ROMERO - A IGREJA NÃO PODE CALAR-SE

ÓSCAR ROMERO (2015). A Igreja não pode calar-se. Escritos inéditos 1977-1980. Prior Velho: Paulinas Editora. 144 páginas
       D. Óscar Romero nasceu a 15 de agosto de 1917, na Cidade de Barrios. Aos 13 anos entrou no Seminário. Foi ordenado sacerdote a 4 de abril de 1942, em Roma, onde se encontrava a efetuar estudos na Universidade Gregoriana.
       Em 1970, foi sagrado Bispo. Tinha 53 anos.
       Em 15 de outubro de 1974, torna-se Bispo de Santiago de Maria.
       Em 3 de fevereiro de 1977, foi escolhido para Arcebispo de São Salvador, assumindo a Arquidiocese a 22 de fevereiro.
       É assassinado por um profissional, com um só disparo, uma bala de fragmentação no peito, a 24 de março de 1980, enquanto celebrava Missa. Tinha 62 anos de idade.
       Esta breve biografia permite-nos situar no tempo e no espaço o Bispo que ofereceu a vida pelo povo de Salvador. Como sacerdote procurou manter-se íntegro, na fidelidade ao Evangelho e à Igreja, mormente na unidade com o magistério papal.
       Um homem decidido. Quando foi necessário ir mais longe para defender os mais pobres não hesitou em usar os meios que tinha ao alcance para exigir justiça social, ordenados justos, atenção aos mais desfavorecidos. A oração e o Evangelho como ponto de partida e de chaga. A conversão a Jesus. A sociedade só se transformará com a conversão. Não adianta transformar as estruturas se os corações não mudarem.
       Em 10 de março de 1977, pouco tempo depois de tomar posse da Arquidiocese, foi assassinado o padre Rutilio Grande, juntamente com ele, dois camponeses, um idoso e um rapaz. A partir de então, as intervenções de D. Óscar Romero, no púlpito, na rádio, nos jornais, nos encontros com diversas pessoas, serão ocasião para reafirmar o Evangelho da caridade e do serviço, da liberdade e da dignidade humanas. Nas homilias eram relatados os casos que se iam sucedendo de perseguição àqueles que se opunham ao regime. D. Óscar Romero coloca-se ao lado dos mais pobres, mas além das facções de esquerda ou de direita. É acusado por uns e por outros. As suas palavras e os seus gestos visam a libertação integral de todos, de cada pessoa. Pede oração e Evangelho.
       Neste livro são recolhidos textos de cartas, mensagens, em que se vê a coerência das intervenções. O que diz em público defende-o também em privado. Conselhos, pensamentos, selecionados e comentados por Jesús Delgado, um dos seus primeiros biógrafos.
       Quase sempre pede à pessoa que lhe escreve que reze, que reflita, que leia o Evangelho. Por vezes refere os capítulos específicos que deve rezar aquele/a que lhe escreve. Elucida sobre a mensagem cristã, aponta caminhos, sugere ponderação, que passa inevitavelmente pela oração. Pede que rezem pelos perseguidores, pelos soldados, por aqueles que recorrem à violência.
       Numa das cartas, recomenda ao seu interlocutor, que faz questão em ouvir pela rádio  as suas homilias, que é preferível que vá à Missa, ou arranjar um horário para conciliar.
       O compromisso pela conversão é extraordinariamente explícito, mas firme na denúncia e na procura de ajudar os que se encontram em situações desesperantes.
       Já aqui recomendámos a Biografia D. Oscar Romero, de Roberto della Rocca, onde se encontram alguns trechos de homilias e/ou intervenções. Estes escritos inéditos poderão comprovar o quanto se disse na biografia e ao mesmo tempo permitem ler os textos do próprio, percebendo-se a sua sensibilidade e o amor a Jesus Cristo e à Igreja, no compromisso pelos outros, rementendo-nos para o capítulo 25 de São Mateus: o que fizerdes a um dos meus irmãos mais pequeninos a Mim o fazeis!

Sem comentários:

Enviar um comentário