domingo, 30 de novembro de 2014

TUA PALAVRA se faz vida no meu coração

Belíssima melodia, intensidade da letra e da música:

Tua Palavra se faz vida
no meu coração.

O que é vento se faz beijos,

gestos de perdão.

Mudará quem eu sou.
Tua Palavra será o fogo da minha voz.

Escutar e acolher a voz de Deus
e pensar e aprender o que fez o Senhor.
Eu quero transformar meu ser
para ser como Deus sonhou.
Que o mundo seja festa
de paz e amor.
Escutar e acolher quem foi Jesus.
Salvação e perdão
hoje serás tu.
Eu quero o reino construir
o mundo que Jesus pensou:
a terra é de todos,
terra de união.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Paróquia de Tabuaço | Magusto da Catequese

       A 11 de novembro, a celebração do lendário São Martinho, comem-se as castanhas e prova-se o vinho (ou não!). A Catequese Paroquial, quando o São Martinho não coincide com o sábado, adia o dia, mas não a romaria. E assim, no sábado, 15 de novembro, o Magusto da Catequese. Depois da celebração da Santa Missa, o encontro marcado para o Centro Paroquial: crianças, catequistas, pais, e as pessoas que se quiseram associar.
       Sobre a mesa, as castanhas, mas também a partilha das catequistas, bolas e bolos, o bolo-rei oferecido, como habitualmente pela Panificadora, que assa as castanhas também. O regalo dos mais novos são as pizzas... se alguém se atrasa, quando chega estas já eram...
       Algumas imagens desta jornada:
Para outras fotos deste dia visite a página da Paróquia de Tabuaço no Facebook
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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

XXXIII Domingo do Tempo Comum - ano A - 16 de novembro

       1 – Aí está uma das últimas páginas do Evangelho de São Mateus. A concluir o ano litúrgico – no próximo domingo – a narrativa do Juízo Final (cf. Mt 25, 31-46); porquanto Jesus diz-nos como nos preparamos para que o encontro definitivo com Deus nos seja favorável: fazer render os dons que Ele nos dá. A vida nunca será um mar de rosas, terá os seus espinhos e as suas contrariedades, nem tudo dependerá de nós, surgirão imprevistos, situações difíceis que abalam a nossa confiança e, por vezes, nos levam a querer desistir. Mas ninguém viverá a vida por nós. Nem no bem nem no mal. A vida é nossa. Nossa é a história. E ainda bem, se formos meros espectadores da nossa vida, então passaremos pela história como o ar dentro de um balão que se esvazia tão rapidamente que nem se dá por isso. Não darão por nós. É como se não tivéssemos existido!
       No final, seremos julgados pelo amor. O amor que nos aproximou dos outros e que nos levou a transparecer o amor de Deus. Quem vai para o mar prepara-se em terra. Jesus alerta-nos para nos prepararmos bem, investindo o nosso tempo, as nossas energias, os nossos talentos. Não adianta esconder-nos, adiar, deixar que outros resolvam, outros vivam. Há que apostar. Há que arriscar. Podemos errar. Podemos fracassar, esmurrar a cara, podemos cair. Mas importa arriscar, viver, sair, ir ao encontro dos outros, semear o bem e a justiça, cultivar a esperança e a alegria, plantar a misericórdia e o bem, deixar-se cativar pela generosidade e pelo perdão. Mesmo caindo!
       A parábola é extraordinariamente clarificadora. Um homem vai de viagem e confia os seus bens aos seus servos, conforme a capacidade de cada um. Confia neles e segue viagem.
       Assim Deus connosco. Confia em nós. Dá-nos os Seus dons. Não nos pede mais do que aquilo que seremos capazes de assumir, ou capacita-nos em ordem a cumprirmos a missão a que nos chama. Dá-nos o mundo inteiro para cuidarmos. Não nos controla como marionetas. Deixa que o trigo e o joio cresçam conjuntamente. E embora não cesse de nos envolver, de nos desafiar, de nos provocar, aguarda-nos no Seu banquete eterno.
       2 – O que recebeu cinco talentos duplicou os rendimentos. O que recebeu dois talentos também os duplicou. O que recebeu um talento, não fez mais. Cruzou os braços à espera do patrão. Se pobre era, pobre ficou. Lamentou-se pelo pouco que recebeu e nada fez para melhorar a sua situação. Não investiu. Em vez de valorizar o dom recebido, refugia-se no medo em relação ao seu senhor. Ah, como se assemelha à nossa vida cristã: em vez de vivermos em alegria acolhendo a misericórdia de Deus, por vezes, vivemos atemorizados pelo que Deus nos pode vir a fazer. Ora Deus é Pai. Infinitamente misericordioso, bom e justo. O Juízo de Deus depende de nós. A Sua benevolência agracia-nos para que façamos render a vida e os dons recebidos. Nem todos temos as mesmas qualidades, mas se partilharmos o que temos, o que somos, procurando sempre melhorar, estamos a valorizar a balança a nosso favor.
       Aquele homem recebeu um talento e outra coisa não fez que lamentar a sua sorte. A vida pode trazer-nos escolhos que não escolhemos. Pode acontecer que não mereçamos as partidas que a vida nos prega. Fazemos por merecer o melhor e tantas vezes nos deparamos com o pior! O lamento serve como desabafo, e podemos encontrar consolo em quem nos escuta, compreensão e incentivo, como forma de prosseguirmos, apesar de tudo. Porém, a vida não se altera se ficarmos apenas a lamentar-nos. Quantas vezes o copo meio cheio se nos afigura copo meio vazio?
«Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste. Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra. Aqui tens o que te pertence». A resposta do seu senhor é inequívoca: «Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde nada lancei; devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu».
       Devolve-se ou paga-se o que se deve, o que se pediu emprestado, agradecendo. Se entramos no sistema económico-financeiro, a devolução é com juros. Só que no caso presente, o banco somos nós. Deus confia-nos os Seus dons. Dá-nos a Sua própria vida, em Jesus Cristo. A Sua vida por inteiro. E que fazemos com este "depósito"? Pomo-lo a render? Investimos para o devolvermos rentabilizado? Ou deixamos tudo na mesma, escondendo-nos no medo?
       3 – Na segunda leitura, o Apóstolo São Paulo evoca as palavras do Senhor Jesus Cristo, dizendo aos cristãos que "sobre o tempo e a ocasião, não precisais que vos escreva, pois vós próprios sabeis perfeitamente que o dia do Senhor vem como um ladrão nocturno. E quando disserem: «Paz e segurança», é então que subitamente cairá sobre eles a ruína, como as dores da mulher que está para ser mãe, e não poderão escapar. Mas vós, irmãos, não andais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão, porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia: nós não somos da noite nem das trevas. Por isso, não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios".
       A preocupação pela hora em que seremos "devolvidos" à precedência, chamados à presença do Senhor, após a nossa morte, pode trazer-nos temor. Assusta-nos sempre, por maior que seja a nossa fé, falar da morte, melhor, falar da minha, da tua, da nossa morte. Quando morre alguém que nos é muito próximo, sentimos, em muitos casos, que a vida é madrasta. O Apóstolo alerta-nos para que não sejamos surpreendidos. Se somos filhos da luz, caminhemos como tal, de dia, pela prática das boas obras, da justiça, da retidão, da generosidade para com todos, especialmente para com os mais pequeninos.
       Certo dia, Jesus conta a história de um homem rico, que tendo tido uma grande colheita, manda construir celeiros maiores, dizendo para consigo: "Tens muitos bens em depósito para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te". E se o Senhor o chamar naquela noite, para quem serão aqueles bens? (cf. Lc 12, 16-21). Jesus termina dizendo para acumularmos tesouros que perdurem para lá do tempo e nos façam entrar em definitivo no Seu reino.
       A sensação de estarmos em segurança, não nos deve demover de lutarmos pelo melhor. Não durmamos. Mantenhamo-nos vigilantes e sóbrios, na certeza de que Deus não nos faltará, nem nesta nem na vida futura.

       4 – A referência a Deus, a abertura para o Transcendente, a certeza de uma Vida que não se desfaz com a morte, a esperança na ressurreição – ainda que em gestação sintamos as dores e agruras da gravidez e do parto –, permite-nos olhar para o futuro e acreditar que podemos amar, podemos ser amados, podemos transformar o mundo que habitamos (ou que nos habita.
       A primeira leitura e o salmo falam da felicidade daqueles que temem ao Senhor. É uma felicidade própria, mas também partilhável e assumida em comum:
       "...mulher que teme o Senhor é que será louvada. Dai-lhe o fruto das suas mãos e suas obras a louvem às portas da cidade" (1.ª Leitura). Feliz o marido que encontrou uma esposa que teme ao Senhor. Mas o mesmo se refere a cada um de nós: "Feliz de ti que temes o Senhor e andas nos seus caminhos. Comerás do trabalho das tuas mãos, serás feliz e tudo te correrá bem" (Salmo).
       Temer ao Senhor, não é fugir d'Ele com medo, mas aproximar-se d'Ele com esperança, na certeza do Seu amor por nós, tal como fazemos em relação àqueles de quem gostamos: tememos magoar, tememos desiludir, e, por conseguinte, podendo errar, tentamos dar o melhor de nós.

Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia: Prov 31, 10-13. 19-20. 30-31; Sl 127 (128); 1 Tes 5, 1-6; Mt 25, 14-30.

domingo, 9 de novembro de 2014

SEMANA dos SEMINÁRIOS | 9-16 de novembro | MENSAGEM

sábado, 8 de novembro de 2014

D. António Couto - Servidores da Alegria do Evangelho

1. A Evangelii Gaudium do Papa Francisco constitui uma imensa provocação para a nossa Igreja. Os nossos hábitos adquiridos saem abalados, as pautas por que habitualmente nos regemos ficam caducas, a nossa maneira de viver assim-assim entra em derrocada. Sim, a força do Evangelho rebenta os nossos vestidos e odes velhos. A alegria não se serve mais em moldes velhos. É urgente um coração novo para acolher esta enxurrada de alegria. precisamos de Pastores novos à medida da Alegria e do Evangelho.
2. É neste contexto que vamos viver mais uma vez a Semana das Vocações e Ministérios, que este ano acontece de 9 a 16 de novembro, subordinada ao tema que o Papa Francisco trouxe pata a cena «Servidores da Alegria do Evangelho». Rezemos ao Senhor da colheita para que seja Ele, Bom e Belo Pastor, a velar sempre pelo rebanho, e para que nos ensine a ser Pastores e formar Pastores segundo o seu coração de Pastor e Pai premuroso.
3. E sejamos generosos no Ofertório de Domingo, dia 16, que será destinado, na sua inteireza, para as necessidades dos nossos Seminários de Lamego e Resende, e também para o Seminário interdiocesano de São José, sediado em Braga, onde se formam os seminaristas maiores das quatro Dioceses do nosso interior norte: Lamego, Guarda, Viseu e Bragança-Miranda.
4. Esta deslocação para junto de um dos polos da Faculdade de Teologia da UCP, neste caso, Braga, acarreta naturalmente despesas extra, mas tornou-se necessária devido ao decréscimo dos seminaristas nestas quatro Dioceses do nosso interior. O baixo número de seminaritas maiores destas quatro Diocese, atualmente reduzido a cerca de 20, não justifca e até desaconselhava que se mantivesse em atividade o Instituto de estudos Teológico que estas quatro Dioceses mantinham em Viseu.

Que Deus nos abençoe e guarde em cada dia, e faça frutificar o labor dos nossos Seminários.

Lamego, 26 de outubro de 2014, Dia do Senhor.
+ António

Dedicação da Basílica de São João de Latrão - 9/novembro

       1 – A dedicação de um altar e/ou de uma Igreja assinala e visualiza o fundamento de determinada comunidade crente, referencia um espaço especial dedicado a Deus, para uma maior proximidade, recolhimento e intimidade do homem com Deus, e para a comunidade se reunir e viver como Igreja.
       A basílica de São João de Latrão é a Sede do Bispo de Roma, considerada a igreja-mãe de todas as igrejas da Urbe e do Orbe (da cidade e do mundo), «preside à assembleia universal da caridade» (Santo Ambrósio). Celebrando a Dedicação desta Basílica, Cátedra de Pedro, sinalizamos o amor e a unidade à volta do Sucessor de Pedro.
       Quando se fala do Papa, logo nos lembramos do Vaticano e da Basílica de São Pedro. No entanto, o Papa é eleito antes de mais para se tornar Bispo da Diocese de Roma, que tem a Sua Cátedra (= Sé Catedral) em São João de Latrão.
       Na Diocese de Lamego, a data da Dedicação da Sé Catedral e a 20 de novembro, celebrando-se no Domingo seguinte. A Dedicação da Catedral sublinha a unidade à volta da sede episcopal, ou melhor, à volta do Sucessor dos Apóstolos, que preside àquela porção do Povo de Deus.
       2 – Os espaços sagrados aproximam-nos da nossa dimensão espiritual e transcendental. Somos muito mais do que o que comemos, vestimos e possuímos. A nossa vida estende-se, alarga-se e aprofunda-se para lá do tempo, para lá do espaço geográfico que percorremos ao longo dos nossos dias.
       Há um santuário em cada um de nós. Um santuário sagrado, dedicado, inviolável, para nos encontrarmos como pessoas, para encontrarmos a nossa origem e o nosso destino: Deus. Mas, além disso, como seres humanos, precisamos de espaço (e de tempos) para o encontro com os outros. Podemos acentuar a oração individual, e, dessa forma, também a fé. Contudo, encontrar-me com Deus implica que me encontre com os outros. Unir-me a Deus, pela oração e meditação, desemboca na união aos outros. Ou então a minha união com Deus não é nem séria, nem autêntica, nem transcendental, será apenas uma apropriação egoísta, temporária, possessiva e diabólica. O que me separa ou me afasta dos outros, o que me isola e me faz estar contra ou apesar dos outros, não vem de Deus. De todo.
       A Encarnação de Deus, com Jesus Cristo, faz disso expressão, sinal, sacramento: a eternidade, a transcendência, a divindade, o infinito, tornam-se acessíveis e percetíveis ao ser humano. Em Jesus, Deus assume a condição limitada, finita, temporal, submetendo-se, por amor, às coordenadas espácio-temporais. A mais sublime adoração é realizada em espírito e verdade. Mas, porquanto, não sendo nem anjos nem puros seres espirituais, situamo-nos perante os outros e perante a história, num determinado tempo e num espaço (físico) concreto. Assim também a nossa relação com Deus, situa-nos na história humana, onde Ele nos procura e nos encontra e onde Se deixa procurar e encontrar por nós.
       3 – Quando não houver espaços sagrados, nem tempos dedicados, deixamos de ser o que somos: pessoas, seres em relação com um mundo que vai além do nosso olhar. Há um mundo interior que nos protege dos outros, quando necessário, e que fundamenta a nossa individualidade, melhor, a nossa identidade. Esta forja-se em dois movimentos: o que nos diferencia e o que nos aproxima dos outros. Somos o que somos no confronto com o que os outros são. Se só existíssemos nós, não saberíamos o que somos, ou quem somos, ou o sentido da nossa estada neste mundo.
       Jesus sobe ao Templo de Jerusalém, na cidade santa, imagem evocativa da Jerusalém celeste, a mais santa das moradas do Altíssimo, e constata que o Templo erigido para honrar a Deus e aproximar as pessoas, afinal é usado para desonra de Deus, vendendo-O e negociando-O aos melhores preços. Ali se praticam todo o tipo de maquinações e injustiças, formas de ganhar mais, exigindo a quem tem menos, mas cuja fé os torna generosos muito para lá das suas possibilidades.
       A reação de Jesus é inesperada. Os que por ali andam já nem estranham. Também nós nos habituamos à realidade que nos circunda, à violência, à corrupção, ao sofrimento, à morte (notícias horripilantes, é o pão nosso de cada dia, já nada nos choca). Aceitamos porque não há nada a fazer ou porque sempre foi assim, pelo menos desde que nos lembramos. Jesus escandaliza-se, faz um chicote, expulsa os vendedores e cambistas, os vendilhões e os seus animais, derruba as mesas e o dinheiro dos cambistas e diz aos que vendem as pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio».
       Sob tensão, Jesus mantém a delicadeza, tendo o cuidado de ordenar aos que vendem as pombas para as retirarem daquele espaço. Os judeus presentes, os que negoceiam, os que maquinam, os que se entranharam naquele espetáculo perguntam a Jesus: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?» E é então que Jesus faz a ponte para outro Templo: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». Os judeus, porém, não percebem que Jesus lhes fala do Seu próprio Corpo, como Templo no qual somos resgatados e no qual nos encontramos como irmãos.
       4 – O que nos distingue dos outros seres vivos é o nosso mundo interior, a dimensão espiritual, a capacidade de amar e de acolher o amor, a capacidade de refletir a vida, o sofrimento e a morte, abstraindo-nos do que nos rodeia. Jesus, nesta como em outras ocasiões, aponta para esta prioridade essencial, a intimidade com Deus em Quem encontra mais intensidade para Se fazer próximo de nós.
       Desengane-se, todavia, quem quiser fazer da religião uma dimensão meramente espiritual e separada da vida, do mundo, do tempo, da história, do espaço. Tudo o que em nós é espiritual, está ligado à terra: somos um corpo espiritual. Deus encarnou. Não queiramos desencarnar e viver sobre as nuvens. “Peço-te ó Pai, não que os retires do mundo mas que os guardes do mal”.
       Tensão saudável esta entre a vida interior e, para ser autêntica e humana, a sua expressão exterior. Eu cá tenho a minha fé. Eu para rezar não preciso de ir à Igreja, rezo em casa. Deus está em todo o lado. Confessar-me? Confesso-me diretamente a Deus, afinal só Ele precisa de saber os meus pecados. Padrinhos? Que é que a Igreja tem a ver com isso? Eu escolho os que entendo serem os melhores. Ir à Missa? "Ouço-a" na televisão. Aliás vejo a da RTP e depois a da TVI e são Missas tão lindas. Gosto tanto de ir a Fátima, mas não me puxa para ir à “nossa” Igreja, ver as mesmas caras…
       Estas são algumas formas de espiritualizarmos e individualizarmos a fé e a religião.
       Fazer da religião um acontecimento sociológico, com um conjunto de ritos, de práticas, de tradições, oportunidade de encontro, de festa, de convívio, sem a fé, sem a ligação a Deus, sem a experiência pessoal de encontro com Jesus, é redutor. Mas dispensar a dimensão comunitária (social) da fé, é descarná-la. Ora, Deus veio ao mundo e assumiu um CORPO humano, sujeito ao tempo e ao espaço. Um corpo – a Sua vida por inteiro – que Ele entregou por nós. Encontramo-nos, descobrimo-nos e amamo-nos no corpo que somos, integrando o Corpo de Cristo que é a Igreja.
       Problema do nosso tempo é que temos menos casa e menos igreja. Atarefados com mil e uma coisas, não nos resta muito tempo para estarmos em casa e, sobretudo, em família. Do mesmo jeito, vamos à Igreja se não há mais nada para fazer. Se vêm uns amigos de Guimarães, ou se o almoço é de festa, deixamos a Igreja, pois pode esperar. Faltando a família e a comunidade (a casa e a Igreja), pouco nos resta para vivermos saudavelmente. Para os descrentes, para que não fiquem eternamente ensimesmados, frequentem espaços (e tempos) de encontro, de descoberta, de partilha…

       5 – São Paulo incentiva-nos a edificar o Corpo de Cristo, Verdade do amor de Deus em nós:
«Vós sois edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, eu, como sábio arquiteto, coloquei o alicerce e outro levanta o edifício. Veja cada um como constrói: ninguém pode colocar outro alicerce além do que está posto, que é Jesus Cristo. Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é santo e vós sois esse templo».
       Somos o templo que Deus habita. Se o alicerce é Jesus Cristo, cada um de nós concorrerá para a construção do Corpo completo de Cristo, para o Seu templo sagrado, a Igreja. O edifício apoia-se e identifica-Se com Ele. Por aqui se conclui facilmente que a dimensão espiritual nos compromete com os outros, na imitação da Sua postura e da Sua opção preferencial pelos mais frágeis.

       6 – Aquilo que havemos de ser só se manifestará totalmente na eternidade. Para já caminhamos, deixando que Deus nos habite e sendo morada uns para os outros, com a certeza que Ele nos conduz às águas refrescantes, como Bom Pastor; do Seu Templo, como refere Ezequiel, saem águas que nos purificam e nos salvam. As fontes da salvação estão acessíveis em Cristo, no Seu Corpo que é a Igreja.
«Deus é o nosso refúgio e a nossa força, auxílio sempre pronto na adversidade. Por isso nada receamos ainda que a terra vacile e os montes se precipitem no fundo do mar. Os braços dum rio alegram a cidade de Deus, a mais santa das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela e a torna inabalável, Deus a protege desde o romper da aurora».
Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia: Ez 47, 1-2. 8-9. 12; Sl 45 (46); 1 Cor 3, 9c-11. 16-17; Jo 2, 13-22.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Gerhard-Ludwig Müller - A ESPERANÇA DA FAMÍLIA

GERARD-LUDWIG MÜLLER (2014). A esperança da Família. Diálogo com o Cardeal Gerhard-Ludwig Müller. Prior Velho: Paulinas Editora. 48 páginas.
       Realizou-se há pouco a 3.ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada a refletir a Família: "Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização". No próximo outono, de 2015, realizar-se-á a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos que aprofundará esta temática e procurará clarificar linha de atuação pastoral para este tempo.
       Já aqui sugerimos outras leituras relacionadas com o tema, como a intervenção do Cardeal alemão Walter Kasper, O Evangelho da Família, publicado pela mesma editora.
       A sugestão da leitura "A esperança da família", é referido a outro Cardeal alemão, o reconhecido teólogo Gerhard-Ludwig Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e neste concreto sucessor do Cardeal Joseph Ratzinger que assumiu este cargo até ser eleito Papa Bento XVI. Por sua vez nomeou o Cardeal norte-americano William Joseph Levada para lhe suceder, mantendo-se este no cargo de maio de 2005 a junho de 2012; a partir de julho, ainda sob o pontificado de Bento XVI, o Cardeal Müller assume a missão de uma das mais importantes e emblemáticas Congregações e que está encarregado de zelar pela sã Doutrina da Igreja Católica, escutando, refletindo, propondo, acolhendo contributos de teólogos, de pastores, de comunidades, auxiliando o ministério do Papa. É também o Presidente da Pontifícia Comissão «Ecclesia Fidei», da Comissão Teológica Internacional e da Pontifícia Comissão Bíblica. Foi professor de Teologia durante 16 anos na Universidade Ludwig-Maximilianus de Munique (1986-2002) e Bispo de Resensburg (2002-2012).
       Este opúsculo recolhe uma entrevista ao Cardeal, guiada pelo Pe. Carlos Granados, diretor-geral da BAC. Para quem deseja aprofundar a temática da família, no enquadramento teológico, doutrinal, pastoral, será de todo recomendável ler as respostas do Prefeito da Congregação.
       Sem fugir às perguntas, o Cardeal faz-nos rever a mensagem da Igreja sobre a família, o matrimónio, a teologia do corpo, o magistério da Igreja, os concílios, as dificuldades pastorais, a misericórdia de Deus, a ligação doutrina-vida.
"Nem mesmo um concílio ecuménico pode alterar a doutrina da Igreja, porque o seu Fundador, Jesus Cristo, confiou a fiel custódia dos seus ensinamentos e da sua doutrina aos Apóstolos e aos seus sucessores... a doutrina da Igreja nunca será a soma de umas quantas teorias elaboradas por uns quantos teólogos, por mais geniais que sejam, mas a confissão da nossa fé na Revelação, nada mais, nada menos, que a Palavra de Deus confiada ao coração - interioridade - e à boca - anúncio - da sua Igreja".
Do Cardeal Ludwig Müller, valerá a pena ler ou reler, a obra publicada em conjunto com Gustavo Gutiérrez,
Alguns textos citados nesta obra elaborada a quatro mãos:

sábado, 1 de novembro de 2014

Comemoração dos Fiéis Defuntos | Pe. João Carlos

       1 – Depois de ontem ter celebrado a Solenidade de TODOS os Santos, a Igreja faz hoje memória de TODOS os seus filhos defuntos. As datas seguidas cronologicamente estão igualmente próximas na sua simbologia e mensagem. Celebramos os Santos porque já morreram, sufragamos os defuntos para que vivam em plenitude a bem-aventurança eterna.
       2 – Esta tradição, bela, de rezar pelos mortos encontra raízes bíblicas no Antigo Testamento (2 Mac 12, 43-46) e tem uma significação prenhe de esperança iluminada pelo Mistério Pascal de Cristo. É para esta tonalidade esperançosa que nos arrastam as leituras bíblicas das Missas deste dia a fim de que não vivamos esta data como os que não tem fé, como bem nos adverte S. Paulo: “Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos defuntos, para que não vos entristeçais como os outros homens que não têm esperança. Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido.” ( 1 Tes 4, 13 – 14).

       3 – A nossa região está cheia de tradições que evocam esta devoção: dela falam as “alminhas” que colocadas à beira dos caminhos são um convite a rezar pelos que nos precederam nos caminhos da vida; nas igrejas são muitos os altares das almas, com frequentes representações do Juízo Final; na oração do terço ou do Angelus ainda se conserva, com frequência, uma intenção pelas almas das nossas obrigações e pelas mais abandonadas e o mesmo fazemos neste dia nas visitas aos cemitérios.
       4 – No entanto, algumas coisas se vão perdendo: diminui o hábito de oferecer a Eucaristia pelos nossos familiares e benfeitores defuntos; porventura já não se reza pelos mortos quando passamos perto dum cemitério; e, para muitos, já se perdeu a chave de leitura das “alminhas”, não se sabe o que são e muito menos para que servem. Presos na voragem da vida não encontramos tempo para pensar nos mortos, nem na morte, nem para ler os sinais litúrgicos, artísticos e culturais, que frequentemente julgamos doutros tempos e de outro mundo. E, no entanto, a única coisa certo que temos neste mundo é que iremos para o outro mundo. “Desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no Céu uma habitação eterna” (Prefácio da Missa pelos Defuntos).

       5 – Corremos o risco de vivermos numa cultura cristã uma fé de pagãos. Este é um tempo propício a um olhar mais atento às tradições e símbolos que ainda se conservam e a lê-los devagar com a alma e o coração, para (re)descobrir a mensagem imensa que eles nos transmitem. Olhar - seguindo uma vez mais S. Paulo - para as coisas invisíveis é mais seguro do que olhar só para as visíveis. É que estas são passageiras, ao passo que as outras são eternas.

       6 – Pensar na morte não é necessariamente mal, antes pelo contrário, pode ser das melhores maneiras de viver com tranquilidade o nosso quotidiano. Olhamos com serenidade e esperança o presente e o futuro, iluminados pela nossa fé em Cristo ressuscitado. Rezemos hoje o final da bela e tradicional oração “Alma de Cristo”: “Na hora da minha morte, chamai-me e mandai-me ir para Vós para que, com os votos santos, Vos louve por todos os séculos dos séculos. Amém

Pe. João Carlos,
Pró Vigário Geral da Diocese de Lamego