segunda-feira, 14 de julho de 2014

Nem um copo de água ficará sem recompensa

       "Ainda que multipliqueis as vossas preces, não lhes darei atenção, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, afastai dos meus olhos a malícia das vossas acções, deixai de praticar o mal e aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva" (Is Is 1, 10-17). 
       Disse Jesus aos seus apóstolos:
      "Disse Jesus aos seus apóstolos: «Não penseis que Eu vim trazer a paz à terra. Não vim trazer a paz, mas a espada. De facto, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora da sua sogra, de maneira que os inimigos do homem são os de sua casa. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim, não é digno de Mim. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não é digno de Mim. Quem encontrar a sua vida há-de perdê-la; e quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la. Quem vos recebe, a Mim recebe; e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou. Quem recebe um profeta por ele ser profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo por ele ser justo, receberá a recompensa de justo. E se alguém der de beber, nem que seja um copo de água fresca, a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa». Depois de ter dado estas instruções aos seus doze discípulos, Jesus partiu dali, para ir ensinar e pregar nas cidades daquela gente" (Mt 10, 34 - 11, 1).
       Na primeira leitura da liturgia da palavra deste dia, do profeta Isaías, acentua-se que o essencial aos olhos de Deus não é o cumprimento de ritos, de leis, de tradições, mas a vivência solidária com os outros, a conversão de coração, a justiça, a solidariedade, o bem. Os ritos, como a religião, têm sentido quando nos ajudam a ajudar os outros.
       No Evangelho, por sua vez, Jesus alerta os seus discípulos para a inquietação que devem sentir na transformação do mundo, gastar a vida para a ganhar, viver na dedicação permanente ao próximo, não esperar tranquilidade na missão. A paz conquista-se pelo compromisso com os outros. Paulo VI lembrava que o desenvolvimento é outro nome para a paz, pois esta não é alcançável quando existe pobreza, guerra, dependência, corrupção, quando lei do mais forte impera, escravizando, controlando, retirando aos outros a liberdade e a capacidade de autodeterminação. A paz exige escolhas ativas a favor da transformação do mundo e das estruturas de pecado, para que a injustiça, as desigualdades sociais, o défice de acesso à saúde, à educação e à cultura, sejam minoradas em ordem à fraternidade.
       O caminho para Jesus é o serviço, a caridade, a atenção e cuidado sobretudo às pessoas que se encontram em situações de desfavor, num mundo paralelo, deficitário, de exclusão social, política e religiosa. Aos seus discípulos diz claramente qual é o caminho: serviço, caridade. Nem um copo de água dado em nome de Jesus ficará sem recompensa.

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