quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Santa Maria Mãe de Deus - 1 de janeiro de 2015

       1 – «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque isso foi do teu agrado» (Mt 11, 25-26; cf. Lc 10, 21). Felizes os pobres em espírito, os mansos, os humildes de coração, os pacificadores, os misericordiosos, porque terão um coração capaz de ver a Deus, de descobrir nos outros uma bênção, e, abertos à esperança no futuro com Deus, disponíveis para transformar o mundo em que vivem, a começar por eles mesmos (cf. Mt 5, 1-12).
       Quando olhamos para o nosso tempo facilmente concluímos, com pesar na maioria das vezes, que o mundo é dos espertos, dos poderosos, daqueles que estão sempre a congeminar ardilosamente como enganar o próximo, subtraindo-se à justiça dos homens e ao compromisso social de contribuir com impostos para o bem comum, fugindo aqui, contornando a lei acolá, arranjando estratégias cada vez mais subtis. Lamentamos que ande meio mundo a enganar outro meio, e se calhar este meio mundo enganador já ultrapassa o meio mundo enganado. E nós de que lado estamos? Já ouvi pessoas a lamentar o facto de não terem mentido, omitindo e/ou enganando, porque estariam em melhores condições de vida ou teriam obtido uma benesse que dessa forma não obtiveram. Sempre lhes digo que não há como uma consciência tranquila!
       O Natal, com as diversas celebrações litúrgicas, incluindo a festa da Sagrada Família e a solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, aponta-nos numa direção que vai além dos nossos interesses pessoais, melhor, fazem com que os nossos interesses pessoais se vão identificando com o bem do próximo, reconhecendo nos mais frágeis a presença de Deus, assimilando o exemplo de Jesus.
       As figuras do Natal sublinham (não a ostentação e o poder, mas) a pobreza, a humildade, a alegria, a capacidade de acolher o outro. Maria e José, família simples, desconhecida, e que se converte em lugar de revelação e mistério de Deus. Simeão e a profetisa Ana, dois velhos (ou idosos como muitos preferem), de quem já nada se espera, mas que, inspirados por Deus, pelo Seu Espírito, vivem na esperança da Salvação. Os seus corações podem não esperar nada do mundo, mas esperam de Deus, estão atentos, rezam, louvam, reconhecem Deus n'Aquele Menino, e anunciam-n'O a quem quer ouvir. E recuando um pouco mais poderíamos falar de um outro casal, Zacarias e Isabel, desenganados da vida, mas que se deixam surpreender por Deus.
       2 – Não existe uma condição prévia para Deus nos amar, nos visitar e querer habitar em nós. Ele precede-nos nos Seus desígnios de amor. Ama-nos primeiro. E nunca a partir da nossa bondade ou maldade. Simplesmente nos ama como filhos. Se existe algum precedente, da nossa parte, é precisamente o da humildade, da pobreza, que não aquela que reduz as pessoas a números dispensáveis ou que as leva a mendigar por pão e por atenção, mas a pobreza como opção de vida, como abertura ao Transcendente, como disponibilidade para amar, para transformar o mundo, para nos deixarmos cativar por Ele e por tudo o que à nossa volta é fruto do amor de Deus, a natureza, os animais e sobretudo os outros.
       A opção preferencial pelos mais pobres não é um chavão da Teologia da Libertação nem um desiderato da América Latina, é, antes, um compromisso de todos os cristãos que querem seguir Jesus Cristo, numa dinâmica universal de inclusão. A Salvação há de chegar a todos, a começar pelos excluídos, pelos famintos, pelas pessoas e famílias a viver em situações degradantes, desempregados, toxicodependentes, meninos da rua, pessoas abandonadas, mulheres maltratadas, esquecidas, violadas, crianças sem teto e sem proteção familiar ou social, exploradas, destruídas. Quando o não fizermos por nós, porque nos faz bem, ou pelos outros, o bem que lhe fazemos, façamo-lo por Jesus Cristo, deixando que em nós venha ao de cima a nossa vocação primordial de sermos imagem e semelhança de Deus. Tudo o que fizermos ao mais pequeno dos irmãos é ao próprio Cristo que o fazemos (cf. Mt 25, 31-46).
       O Papa Francisco, na Sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz parte desta premissa: "Já não escravos, mas irmãos" (cf. Flm 15-16). Em Jesus Cristo, Deus revela-Se como Pai. Se Ele é Pai, nós somos irmãos.
       Aos Gálatas, que hoje escutámos, São Paulo prossegue: «Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adotivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: 'Abá! Pai!'. Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus». A verdadeira paz conquista-se pelo amor, que pressupõe a justiça, a igualdade, a fraternidade, no respeito pelas diferenças como contributo positivo para a única família de Deus.
       3 – No início de um novo ano, a Igreja propõe-nos – como Igreja nos propomos – olhar para Maria e consagrarmo-nos com Ela a Deus, imitando-A no acolher da vontade de Deus, de tal forma humildes e pobres que Deus caiba em nós, que Deus possa nascer em nós e apressadamente, como Ela em direção à montanha, visitando a Sua prima Isabel, possamos levar a todos a Alegria que nos habita: Deus em nós. Sejamos rosto e presença e vida de Cristo para este tempo. E dessa forma a paz estará mais próxima.
       Despojado de tudo, mas com muito calor, Jesus tem por companhia Maria e José, e os animais. Está quentinho numa manjedoura. Aconchegado. Ah, como é belo este quadro do presépio. Ah, como é fácil de ver que não são as muitas comodidades que possuímos que nos fazem vibrar de alegria, que nos fazem sentir úteis e amados. Aquele Menino tem poucas coisas, está despido, envolto em panos, mas acariciado pelo essencial, pelos seus pais. D'Ele emana uma LUZ, um brilho, uma áurea, que nos leva à contemplação, a fazer como os Pastores, reconhecendo n'Ele o próprio Deus e com alegria desbobinarmos tudo o que Deus nos revelou pelos antigos e que nos revela hoje pela palavra, pelos Sacramentos, por cada gesto de amizade e de ternura que nos fazem ou que fazemos aos outros.
       Aqueles pastores engrossam o número dos que não contam. São escravos, ainda não irmãos. Trabalham em situações muito precárias, independentemente do sol ou da chuva. Ainda não são irmãos, mas escravos. Mas é a eles que Deus Se revela, reconhecendo-os já como filhos amados. «Os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam... Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado».
       O verdadeiro encontro com Jesus provoca alegria, enche-nos de paz, para logo nos enviar a anunciar esta Boa Notícia a todas as nações. A alegria extravasa, explode, comunica-se. Ninguém faz festa sozinho. Se a solidão, o sofrimento, a desânimo, precisam de partilha e compreensão, a alegria precisa igualmente de ser acolhida, partilhada, celebrada.
       4 – A condição prévia para reconhecer e acolher Deus é, definitivamente, esta pobreza que nos faz olhar com o coração e perscrutar os sinais que vêm de Deus. Os pastores estão despertos e fazem-nos estar despertos para partir de imediato à procura do Messias, à procura do Deus que Se esconde n'Aquela criança e em tantos pequeninos do nosso tempo. E por contágio nos fará espalhar tamanha alegria.
       Pobreza de Maria e de José que acolhem Aquele que vem de Deus – «Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração» –, e no-l'O apresentam para que O possamos encontrar e O possamos adorar, como os Pastores e como os Magos vindos de longe.
       E cruzando o nosso com olhar daquele Menino-Deus, sejamos portadores da Sua bênção para todos. É uma interpelação presente ao longo da História da Salvação, como se pode ver na primeira leitura: «O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz». Assim fala Deus a Moisés garantindo-lhe a ele e a todo o povo: «Invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei».
       Que outra coisa poderemos desejar neste novo ano senão a Paz e o Bem que nos chegam de Deus e que não se consomem na nossa fragilidade? Encontrando Jesus no nosso coração, meditando nos acontecimentos destes dias, com Maria, façamos com que através de nós se engrandeça no mundo a presença de Deus. Confiemo-nos por inteiro Àquele que nos pode salvar, até da morte. «Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção, resplandeça sobre nós a luz do seu rosto. Na terra se conhecerão os seus caminhos e entre os povos a sua salvação».

Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia: Num 6, 22-27; Sl 66; Gal 4, 4-7; Lc 2, 16-21.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José

       1 – Quando uma criança nasce é, ou deveria ser, um DOM, uma bênção para toda a família e para a comunidade. Quando as crianças escasseiam em muitas das nossas aldeias, quando o país e a Europa estão a envelhecer muito rapidamente, com uma taxa de natalidade cada vez mais baixa, a atenção, o cuidado e as medidas de apoio que favoreçam a natalidade e facilitem o papel das famílias, são já não uma exigência mas uma obrigação e um compromisso de todos, a começar pelos que lideram os destinos das nações.
       Os tempos não são fáceis. É verdade. Antigamente havia muitas mais dificuldades, dizem os mais idosos, sublinhando que não é tanto por falta de condições como por um excesso de comodismo e por se tentar eliminar todas as dificuldades que possam advir na generosidade para com novas vidas. Hoje há outras exigências. Há mais exigências e há menos paciência, menos predisposição para encarar sacrifícios.
       Casamentos feitos à medida do interesse imediato, desistência às primeiras dificuldades, famílias mais reduzidas, os mais velhos vão sendo dispensados de contribuir para o amadurecimento dos membros mais jovens. Mobilidade social e cultural: os filhos radicam-se em outras paragens e em outros valores.
       Lógica atualíssima de viver bem a juventude, gastar a vida enquanto é tempo. Experimentar tudo, antes dos compromissos duradouros. O nascimento do primeiro filho é retardado ao máximo, para quando já não houver energias para andar em farras, ou quando a urgência da idade o impõe, ou quando as condições económico-financeiras são ideais. O medo de assumir compromissos mais estáveis, no matrimónio e na procriação. O ambiente sugere relações frágeis e breves que não permitem assentar.
       E tantas outras situações que merecem preocupação: famílias monoparentais, que se multiplicam, reconstituição de novas famílias, com crianças de matrimónios ou compromissos anteriores.
       2 – Há, contudo, muitos outros testemunhos de fidelidade, de perseverança, de generosidade, de famílias que incluem e valorizam os mais novos e os mais velhos, com ambientes favoráveis à comunicação de valores, da cultura e da vida.
       Sublinhe-se que a vida das famílias (como das pessoas) não linear, branco e preto, é multicolor. Aqui, como em outras situações, não poderemos separar em absoluto famílias boas de famílias más; famílias felizes de famílias infelizes. Obviamente, que o desafio é que as famílias, estruturadas de diversas maneiras, sejam (em crescendo) espaço de afetos em que seus membros se amam, se respeitam e se apoiam mutuamente. As famílias felizes são iguais, as famílias tristes são originais, seguindo o pensamento de Tolstoi, pois cada família vive as dificuldades à sua maneira, ajuda contar com os outros e com a família.
       Ao celebrarmos hoje a Festa da Sagrada Família de Nazaré deparamo-nos com uma referência de família que não está isenta de perigos e de dificuldades. A gravidez de Maria está envolta em mistério que poderia ter provocado uma desgraça, não fosse a ponderação de José. Quando sobem ao Templo para apresentarem Jesus ao Sumo-Sacerdote, logo o Velho Simeão os abençoa e alerta para o que lá vem: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações».
       Algum tempo depois, José terá que pegar em Nossa Senhora e no Menino e afastar-se da Sua terra para outra onde possam viver em segurança. Algum paralelismo com os nossos dias: tantas pessoas e famílias que têm de se afastar da sua terra para procurar melhores condições de vida, ou fugindo à perseguição. O futuro nunca é totalmente certo, mas há que confiar. A bênção de Deus não nos livra dos perigos, mas garante que Deus nos levará além de todas as dificuldades. Como já referido muitas vezes, a criança que cai e se magoa sabe que fica com a ferida e com as pernas marcadas, mas a presença, o consolo e a segurança que encontra nos pais permite-lhe levantar-se e fazer finca-pé contra a dor.
       3 – Oito dias depois do nascimento de Jesus, Maria e José cumprem a tradição de circuncidar o Menino, levando-O ao Templo. Por aqui também se conclui que Aquele Menino não é um privilegiado que esteja acima ou fora da Lei. N'Ele se cumpre toda a justiça. Em tudo igual a nós, exceto no pecado. Vem para viver humanamente.
       Fácil imaginar as famílias cristãs a preparar tudo para batizar um novo membro, passados alguns dias, ou semanas, ou meses do nascimento. Para quê adiar o que achamos uma bênção, uma graça de Deus. Logo nos primeiros meses também “obrigamos” os filhos a ir à escolinha!
       No Templo surgem duas figuras importantes: Simeão e Ana. Simeão é impelido pelo Espírito Santo para ir ao Templo receber a família de Jesus. Como testemunha, cumpre-se uma promessa que Deus Lhe havia feito de que não morreria sem ter visto a Salvação: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo».
       Ana, filha de Fanuel, uma viúva que encontrou no Templo e na fidelidade a Deus o sentido para a sua vida. "Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações". E também ela é instrumento de Deus: "começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém".
       Nestas duas figuras o reconhecimento dos mais idosos e da sua missão importantíssima de nos guiarem para o futuro. Uma família ou um povo sem história desaparecerá muito rapidamente. Uma árvore que não tem raízes acabará por morrer às primeiras dificuldades.
       4 – As diversas leituras dão-nos a receita para que em família possamos construir um tempo novo, construindo um mundo saudável, fraterno, solidário, humano.
       A primeira leitura fala-nos do Mandamento divino. Deus "ordena" o que nos faz bem, o que nos ajuda a crescer e a descobrir o outro como bênção, como auxiliar, carne da minha carne, osso dos meus ossos. "Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados e acumula um tesouro quem honra sua mãe. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na sua oração... Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade para com teu pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus pecados".
       E o que se diz dos filhos em relação aos pais, pode dizer-se do nosso compromisso com os outros. Tudo o que fizermos ao mais frágil dos irmãos é ao próprio Deus que o fazemos. É, aliás, esse o critério do Juízo Final, seremos julgados e acolhidos pelo bem que fizemos e pelo amor com que vivemos.
       O Apóstolo São Paulo, na segunda Leitura, di-lo de forma muito sugestiva e clarividente: "Como eleitos de Deus, santos e prediletos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo. E tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai".
       A referência e o centro é Jesus Cristo, no Seu jeito de ser e de amar e de viver. Como Ele nos amou, amemo-nos uns aos outros, como Ele nos perdoou, perdoemo-nos mutuamente. Tudo quando fizermos seja para louvor do Senhor. Os maridos em relação às esposas, estas em relação aos maridos; os pais para com os filhos e estes para com os pais. Usar de tolerância, de ternura, apostar no outro, mesmo quando temos razões para duvidar, não apenas porque é nosso igual e também nós somos frágeis como o barro, mas por Deus. "Feliz de ti, que temes o Senhor e andas nos seus caminhos". Os caminhos do Senhor aproximam-nos, irmanam-nos em Cristo Jesus.
       5 – Se a referência é Jesus Cristo, então teremos que imitá-l’O. Quando cumpriram as prescrições do Templo, Maria e José regressaram a sua casa, e "o Menino crescia, tornava-Se robusto e enchia-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele".
       Confiemos as nossas intenções, a nossa vida, as nossas famílias a Deus. E quando as coisas não estiverem a correr tão bem, não desesperemos, entreguemo-nos ainda mais nas mãos de Deus para crescermos em sabedoria e graça aos olhos do Senhor, tornando-nos mais robustos para enfrentar os escolhos, na certeza alegre que Deus segue connosco pela estrada fora.

Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia (ano B): Sir 3, 3-7. 14-17a; Sl 127 (128); Col 3, 12-21; Lc 2, 22-40.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Paróquia de Tabuaço: Missa do Galo / Missa da Noite

       Ao longo dos últimos anos, a nossa comunidade tem celebrado a Missa da Noite de Natal, mais conhecida como Missa do Galo.
       O Galo simboliza o alvorecer do novo dia, nova vida. Ainda todos dormem e já o galo desperta e nos desperta. Nos campanários das Igrejas, desde dos primeiros séculos, encontram-se galos em pedra ou ferro, também desenhados ou esculpidos em alguns túmulos cristãos, evocando, por exemplo, a palavra de São Paulo: «Desperta, tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo brilhará sobre ti» (Ef 5, 14). Há quem atribua a designação de Missa do Galo ao episódio em que são Pedro nega por três vezes Jesus e cujo galo cantou lhe lembra a negação.
       Pelas 0h00 do dia 25 de dezembro (ou 24h00 do dia 24 de dezembro?), um bom grupo de pessoas reúne-se na Igreja para celebrar Natal de Jesus e com Jesus no centro. Deixaram a comodidade das suas casas, a alegria festiva em família, para celebrar a razão principal do Natal, a vinda de Deus, encarnando em Jesus. Mais novos e mais velhos.
       Depois do Evangelho, o Grupo de Jovens (GJT) encenou uma peça de Natal: Anunciação a Zacarias; anunciação a Nossa Senhora; Visitação de Nossa Senhora à Sua prima Isabel; Nascimento de Jesus; Adoração dos Pastores e dos Magos.
       Tradição também nesta celebração, no momento do Beijar do Menino, a bênção e a distribuição de pequenos pãos, relembrando que Jesus é verdadeiramente o Pão da Vida, mas também para que Deus nos dê a todos o pão de cada de dia, dando-nos a generosidade da partilha.
       Algumas imagens desta celebração:
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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O Anjo anunciou e o Verbo encarnou

       O Anjo anunciou a Maria e Ela concebeu pelo Espírito Santo. / Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua palavra. / O Verbo encarnou e habitou entre nós.
       O mistério escondido torna-se manifesto. O Verbo (Palavra) de Deus tem agora um Rosto humano. O que estava prometido, mas encoberto, está a revelar-se com toda a força, com toda a luz. "A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer" (Jo 1, 18; evangelho do dia de Natal). Deus tem um ROSTO. "Quem me vê, vê o Pai" (Jo 14, 9).
       Deus vem de longe, mas nunca como agora esteve tão próximo de nós. O Anjo anuncia a Maria que Ela será a Mãe do Filho do Altíssimo. Deus não Se impõe, propõe um tempo novo, novos céus e nova terra. Mas conta connosco, respeita a nossa liberdade. O Omnipotente cabe nas células humanas, seguindo as leis com as quais nos criou. Quer precisar do nosso SIM, para nascer Um de nós.
       Deus vem de longe, desde a eternidade, e, por amor, quer dar-nos o melhor de Si, o Seu amor maior, o Seu próprio Filho. Antes prepara Maria. «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo... encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus... O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus» (Lc 1, 26-38).
       E aí está o Anjo, enviado de Deus, à espera da resposta de Nossa Senhora, que não se faz esperar: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra». E então o Natal (de Deus) começa a realizar-se na história e no tempo.
       A história da Humanidade desemboca em Maria, para avançar para o Seu Centro, Jesus Cristo. Agora sabemos como prosseguir. No SIM de Maria, Deus opera maravilhas, dando-nos Jesus. Aprendamos com Ela a dizer sim a Deus: «Faça-se em mim segundo a tua palavra». Sigamos o que Ela nos diz: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2, 5). Para que Jesus continue a nascer, para que haja Luz em toda a terra.
       Santo Natal e que a Luz da Fé, inunde o nosso coração, as nossas casas e famílias, e as nossas comunidades. A todos os ambientes levemos Deus connosco.

Reflexão proposta e publicada na Voz de Lamego, 23 de dezembro de 2014

Ide, vivei e testemunhai a Luz do Natal

       Para os cristãos, o Natal é – ou deveria ser – o encontro solene e festivo com Jesus, Deus que Se faz próximo da humanidade e da história, encarnando, fazendo-Se um de nós e um connosco, o Emanuel.
       Na Sua benevolência, Deus dignou-Se procurar-nos, não do exterior ou do alto, mas a partir de dentro, do interior, enxertando-Se na nossa humana fragilidade e finitude. Veio e vem para iluminar as nossas escolhas, para que estas reflitam a verdade, o bem e o amor, e nos conduzam a um felicidade duradoura, aberta à eternidade de Deus. Assume-nos na inteireza de seres humanos, de filhos Seus, de irmãos em Jesus.
       A celebração do Natal enche-nos da Luz de Cristo. Na dinâmica pastoral da nossa Diocese, o desafio a sermos, na expressão consagrada em Aparecida (Brasil), discípulos missionários, saindo do nosso conforto para anunciarmos o Evangelho, construindo, afetiva e efetivamente, a família de Deus, o que só se fará concretizando o amor de Deus que nos habita. “Os discípulos missionários sabem que a luz de Cristo garante a esperança, o amor e o futuro” (Gutiérrez).
       Advento ainda, João Batista ilustra a missão. “Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz” (Jo 1, 7-8). Faz eco de Isaías que nos apresenta o Natal como a Luz: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9, 1; cf. Mt 4, 16). João aponta para o Messias: eis o Cordeio de Deus que tira o pecado do mundo.
       Expressão muito querida ao Papa Francisco: Igreja em saída, uma Igreja lunar, que transpareça a Luz de Cristo, recusando a autorreferência, para que Jesus seja a único centro, e o CENTRO ilumine as periferias geográficas e existenciais.
       Do mesmo jeito, a Senhora do Advento, Maria, que gera Jesus e logo no-l'O dá. Faça-se em mim segundo a Sua palavra... Fazei o que Ele vos disser. Os pastores e os magos têm acesso imediato a Jesus, sem interferências de Maria ou de José. Tudo n’Ela aponta para Jesus.
       O tempo que decorre evidencia um Natal comercial e consumista. Em todo o caso, a celebração do Natal continua a ser ocasião, motivação e oportunidade para anunciar Deus que nos visita em Jesus Cristo e nos irmãos. O brilho das montras e as campanhas solidárias visualizam carências e fragilidades que – desligadas as luzes do Natal – comprometem os cristãos e as comunidades.
      Santo e Feliz Natal e que a Luz de Cristo nos reenvie a construir com Amor a família de Deus.

Reflexão proposta e publicada na Voz de Lamego, 16 de dezembro de 2014

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Catequese de Tabuaço: Festa de Natal - 2014

       Último sábado antes do Natal, a Festa da Catequese à volta da quadra natalícia, realizou-se a 20 de dezembro de 2014. A Festa de Natal iniciou com a celebração da Santa Missa, prosseguindo com a apresentação de uma peça do Natal - encenação do Nascimento de Jesus, pelo Grupo de Jovens, seguindo-se a intervenção dos diversos anos de catequese. A festa encerrou com nova peça sobre o Natal - A Estrela anuncia que Jesus é a Luz do mundo, novamente pelo Grupo de Jovens, finalizando com todos no palco - crianças, catequistas, GJT - a cantar e desejar Feliz Natal a todos os presentes.
       Algumas fotos:
Para outras fotos da Festa e da preparação visite-nos:

sábado, 20 de dezembro de 2014

Domingo IV do Advento - ano B - 21 de dezembro

       1 – «Faça-se em mim segundo a tua palavra». Assim termina hoje o Evangelho, mas é aqui que tudo começa para nós. Deus vem de longe, mas nunca como agora esteve tão próximo de nós. Falta Alguém que, também em nosso nome, diga SIM. No início, a Palavra de Deus: faça-se... a luz, o firmamento, os astros, os animais... façamos o homem à Nossa imagem e semelhança... e tudo foi feito segundo o Seu desígnio de amor (cf. Gn 1, 1-31). Deus confiou o mundo inteiro à humanidade. Mas as coisas não correram como expectável. Como os pais que confiam nos filhos, dando-lhes todas as condições. Os filhos não têm como falhar. Assim julgam os pais que neles confiam. Mas o certo é que falham. Tal como os pais, também Deus, que é Pai e ainda mais Mãe, na feliz expressão de João Paulo I, não desiste, nunca desiste da obra das suas mãos (cf. Sl 19,1). Procura-nos. "A misericórdia do Senhor não acaba, não se esgota a sua compaixão. Cada manhã ela se renova" (Lm 3, 20-22). Deus vem de longe, desde a eternidade, desde o início da criação, e, por amor, quer dar-nos o melhor de Si, o Seu amor maior, o Seu próprio Filho. Por conseguinte, Deus prepara Maria, desde sempre. «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo... encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus... O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus».
       No momento da Anunciação dá-se uma espera, fica como que todo o mundo em suspenso à espera de uma resposta que pode decidir tudo. E a resposta chega: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
       O que vale em Nossa Senhora há de valer para Jesus: o meu alimento é fazer a vontade de Meu Pai (cf. Jo 4, 34), e há de valer para nós, como clarifica Jesus: "Todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está no Céu, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Mt 12,50); "Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática" (Lc 11, 28).
        2 – Os desígnios de Deus, desde sempre e para sempre, desde o início, são manifestos: o excesso do Seu amor transborda criando-nos; cria-nos para a felicidade, para vivermos harmoniosamente como num belo jardim, concedendo-nos a liberdade que nos dignifica como pessoas. Podemos até fugir-Lhe, negá-l'O, virar-nos contra Ele. Como Pai, Deus matem-se atento ao ser humano. Quando vê que o homem está só, dá-lhe uma companheira que possa ombrear, auxiliar, fazer-lhe companhia, com quem possa dialogar, de igual para igual, osso dos seus ossos, carne da sua carne, coração a coração, com quem possa viver (cf. Gn 2, 18), e construir família (cf. Gn 1, 28). Olha para o Seu povo que vive na sombria região da morte, e vem em seu auxílio. “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9, 1; cf. Mt 4, 16). Envia-lhe guias, mensageiros, chama e envia Moisés: «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egipto, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspetores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos» (Ex 3, 7). Vai e liberta o Meu povo.
       Na primeira leitura escutámos como Deus renova a Suas promessas na presença de David, através do profeta Natã: «O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa. Quando chegares ao termo dos teus dias e fores repousar com teus pais estabelecerei em teu lugar um descendente que há de nascer de ti e consolidarei a tua realeza. Serei para ele um pai e ele será para Mim um filho. A tua casa e o teu reino permanecerão diante de Mim eternamente e o teu trono será firme para sempre».
       É esta promessa que se desenha definitivamente diante de Maria: «Conceberás e darás à luz um Filho... O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim».
       Deus não mais habitará uma tenda. Deus habitará no coração da humanidade. Fará em nós a Sua morada entre os homens (cf. Apo 21,3). Maria torna-se, ao responder afirmativamente, o primeiro sacrário vivo da história, concebendo o Filho do Deus Altíssimo.
       3 – Em jeito de oração (de louvor), o Salmo sanciona tudo quanto a Sagrada Escritura nos revela sobre a vontade de Deus a nosso respeito e as promessas feitas a favor de todo o povo, a toda a humanidade, como se vislumbra em Abraão: «E todas as famílias da Terra serão em ti abençoadas» (Gn 12,3). Sabendo que a religião, nas suas manifestações históricas e culturais, engendra nacionalismos, a Sagrada Escritura insinua, aprofunda, desafia à universalidade do amor de Deus e da salvação a chegar a todos os povos, ainda que se concretize num povo, numa data temporal determinada, com um ROSTO pessoal.
«A bondade está estabelecida para sempre, no céu permanece firme a vossa fidelidade. Concluí uma aliança com o meu eleito, fiz um juramento a David meu servo: ‘Conservarei a tua descendência para sempre, estabelecerei o teu trono por todas as gerações’. Ele Me invocará: ‘Vós sois meu Pai, meu Deus, meu Salvador’. Assegurar-lhe-ei para sempre o meu favor, a minha aliança com ele será irrevogável».
       4 – Nesta chegada de Deus, a promessa que se cumpre plenamente em Jesus Cristo, o louvor e a gratidão:
«Seja dada glória a Deus, que tem o poder de vos confirmar, segundo o Evangelho que eu proclamo, anunciando Jesus Cristo. Esta é a revelação do mistério que estava encoberto desde os tempos eternos mas agora foi manifestado e dado a conhecer a todos os povos pelas escrituras dos Profetas segundo a ordem do Deus eterno, para que eles sejam conduzidos à obediência da fé. A Deus, o único sábio, por Jesus Cristo, seja dada glória pelos séculos dos séculos. Ámen».
       O que estava prometido, mas encoberto, está a revelar-se com toda a força, com toda a luz. "A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer" (Jo 1, 18; evangelho do dia de Natal). Deus tem um ROSTO. "Quem me vê, vê o Pai" (Jo 14, 9). "É que outrora éreis trevas, mas agora sois luz, no Senhor" (Ef 5, 8).
       A história da Humanidade desemboca em Maria, para avançar para o Seu Centro, Jesus Cristo, que instaura os novos Céus e nova Terra. Agora sabemos como prosseguir. No SIM de Maria, Deus opera maravilhas, dando-nos Jesus. Aprendamos com Ela a dizer sim a Deus: «Faça-se em mim segundo a tua palavra». Sigamos o que Ela nos diz: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2, 5). Para que Jesus continue a nascer, para que haja Luz em toda a terra.
       Santo Natal e que a Luz da Fé, que irradia da família de Nazaré, inunde o nosso coração, as nossas casas e famílias, a nossa comunidade. A todos os ambientes onde formos ou onde estivermos levemos o melhor de nós, levemos o Emanuel, o Deus connosco.

Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia (ano B): 2 Sam 7, 1-5. 8b-12. 14a. 16; Sl 88 (89); 2 Rom 16, 25-27; Lc 1, 26-38.

domingo, 14 de dezembro de 2014

UM AMIGO É UM BEM

Um amigo é um bem,
Um tesouro que se tem,
Sóis vós as estrelas,
Que nos guiam mais além.
São momentos bons e maus,
Nesta estrada percorrida,
E digo mais, não vos trocava
Por nada desta vida.

Refrão
E talvez um dia, chegue a hora do adeus,
Deixar-vos-ei com pena, amigos meus,
Mas mesmo longe, vós estais perto,
Ao pé de mim,
Pois entre amigos é assim.

Um amigo é um irmão,
Nosso pensar, nossa mão.
Meus amigos que estão aqui
Para vós canto esta canção.
O tempo voa neste instante,
E já estamos de partida,
E digo mais, não vos trocava
Por nada desta vida.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Domingo III do Advento - ano B - 14 de dezembro

        1 – «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações». O Cântico do Magnificat, que hoje nos é proposto como Salmo Responsorial, mostra-nos a medida, a profundidade, a razão da nossa alegria: a certeza de que Deus coloca o Seu olhar em nós, para nos envolver ternamente com o Seu amor.
       Celebrámos na segunda-feira passada, 8 de dezembro, a solenidade da Imaculada Conceição, onde esta belíssima oração de louvor, que brota dos lábios e do coração e da vida de Nossa Senhora, ressoa com mais intensidade. A Imaculada Conceição, a cheia de Graça, alegra-Se com a presença e ação de Deus, antecipando, diante da sua prima Isabel, a alegria de Se saber visitada pelo Espírito Santo que n’Ela opera a maior das maravilhas: a gestação do Filho de Deus. É uma alegria que vem do interior, vem de dentro, mas contagia e transborda exteriormente, de um a outro coração, de um a outro olhar, de pessoa a pessoa. O filho de Isabel, que ficará conhecido como João Batista, exulta de alegria, ainda no ventre de sua mãe, quando Jesus – também no ventre materno – se aproxima. A voz de Maria é melodia para os ouvidos de Isabel, é melodia para os ouvidos daquele feto que nadando nas entranhas de sua mãe faz saber e sentir a alegria pela proximidade de Jesus.

       2 – Este é o Domingo da Alegria (Gaudete), que nos prepara para a festividade do Natal, mas cuja alegria antecipadamente experimentamos, pela certeza de que Deus vai irromper na nossa vida e na história do mundo.
       A alegria do Evangelho deve envolver-nos, contagiar-nos, transformar-nos, comprometer-nos com o anúncio. Recebemos o Evangelho – a Boa Notícia da salvação –, não para ficarmos contentes, mas para O levar a todo o mundo. É o último mandamento de Jesus: ide e anunciai o Evangelho em toda a terra (cf. Mt 28, 19-20), ou, na ressonância do lema pastoral da nossa Diocese de Lamego: IDE E CONSTRUÍ COM MAIS AMOR A FAMÍLIA DE DEUS.
       João Batista dá-nos o exemplo. Vem antes, a preparar o caminho do Senhor, e não cessa de anunciar a proximidade da Sua vinda: "Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz".
       Por ocasião da anunciação logo exulta de alegria no seio da sua Mãe. Trinta anos depois: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías». Muitas realidades da nossa vida exigem e merecem tempo e meditação. Por vezes é necessário deixar crescer o trigo e o jogo até à hora da ceifa (cf. Mt 13, 24-30). Tal como Jesus, também João Batista se prepara por um longo período de tempo e só vai a jogo quando se sente adulto, maduro, preparado.
       A palavra de Deus é acolhida em vasos de barro, que somos nós, mas depois temos que cuidar do vaso para que na nossa fraqueza se manifesta a beleza, a riqueza e a grandeza d'Aquele que vem, o Messias de Deus, a Palavra que Se faz carne.
       Como Maria: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38). Como João Batista: «Eu batizo na água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias»
       O Precursor reconhece-se como instrumento ao serviço da Palavra de Deus, ao serviço do Eleito de Deus. Pensemos numa equipa de ciclismo e que tem um chefe de fila. Todos trabalham para que o líder chegue à frente e ganhe a volta, mesmo que tenham de sacrificar os seus egos. Mas se o chefe de fila ganha, toda a equipa está de parabéns. Aqui o chefe de fila é Jesus Cristo. Todos trabalhamos para que Ele viva. Melhor, todos, se somos verdadeiros discípulos, deveremos deixar que Ele trabalhe em nós e através de nós nasça em todo o mundo.
       3 – O compromisso com o Evangelho da Alegria é um desafio permanente. São certamente muitas as ocasiões e as razões para que a vida não seja um rio de águas calmas. Quantas vezes a nossa vida se transforma em mar revolto, com ondas tão grandes que nos deitam por terra, embatendo com violência em nós e nas nossas expetativas e seguranças. As tempestades fazem parte da nossa vida, e assim o frio e o nevoeiro e as nuvens densas... o que nos fará apreciar o calor e os dias de sol, e o céu limpo.
       O Apóstolo, tendo feito a experiência de encontro com Jesus e convertendo-se ao Evangelho, faz-se arauto da alegria:
«Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois é esta a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus. Não apagueis o Espírito, não desprezeis os dons proféticos; mas avaliai tudo, conservando o que for bom. Afastai-vos de toda a espécie de mal. O Deus da paz vos santifique totalmente, para que todo o vosso ser – espírito, alma e corpo – se conserve irrepreensível para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. É fiel Aquele que vos chama e cumprirá as suas promessas».
       Quais os motivos desta alegria? Repitamo-lo: a presença do Deus de Jesus Cristo em nós, através do Seu Espírito Santo. Daí também o convite à oração. A intimidade com Deus abre-nos as portas do coração à eternidade, ao amor, à esperança e, por sua vez, compromete-nos com o bem. A oração, como a esperança, não é passiva. Rezamos e concorremos para que Deus atue em nós. Empenhamo-nos, afastando-nos de todo o mal, para que Deus nos santifique.
       4 – A chegada do Messias e a instauração do Reino de Deus é uma alegre notícia que deverá fazer-se ouvir nas montanhas e nas colinas, nos desertos e nos vales, nas aldeias e nos campos, nos descampados e nas cidades. O profeta Isaías, uns séculos antes de João Batista, faz-se precursor desta vinda de Deus ao meio do seu povo.
«O espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu e me enviou a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os corações atribulados, a proclamar a redenção aos cativos e a liberdade aos prisioneiros, a promulgar o ano da graça do Senhor. Exulto de alegria no Senhor, a minha alma rejubila no meu Deus, que me revestiu com as vestes da salvação e me envolveu num manto de justiça, como noivo que cinge a fronte com o diadema e a noiva que se adorna com as suas jóias. Como a terra faz brotar os germes e o jardim germinar as sementes, assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor diante de todas as nações».
       No início do seu ministério, lendo as palavras de Isaías, Jesus identificar-se-á com a unção do Espírito Santo e com a missão de levar a boa notícia aos pobres e aos povos de toda a terra. Ele virá revestido com as vestes da salvação para que a justiça e a paz brote em toda a parte, e então o júbilo possa comunicar-se a todos os corações. Esta é a razão primeira e última da nossa alegria: Deus, em Jesus, vem habitar em nós, faz a Sua morada no nosso coração, na nossa vida, no nosso mundo. É uma alegria que ninguém nos poderá tirar.

Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia (ano B): Is 61, 1-2a. 10-11; Salmo: Lc 1, 46b-48. 49-50. 53-54; 1 Tes 5, 16-24; Jo 1, 6-8. 19-28.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Paróquia de Tabuaço: Imaculada Conceição | 2014

       Festa da comunidade. A Paróquia de Tabuaço tem como Padroeira a Imaculada Conceição (PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO), daí que este dia, 8 de dezembro, seja a Festa da Comunidade, envolvendo os crentes, os paroquianos, os Guias e Escuteiros da Europa, os Bombeiros Voluntários de Tabuaço, que A adotaram como Madrinha.
       Depois de uma novena de preparação, a grande solenidade. É em dias como este que a Igreja se torna maior, para congregar todos os que se sentem filhos de Maria, pelos que acompanham os seus familiares, ou por outros tantos motivos que só Deus saberá. Aí estão imagens da Eucaristia, da Procissão e da bênção de mais uma Ambulância. Na celebração da Eucaristia, presidida pelo pároco, a presença amiga do Pe. Jorge Giroto e do Pe. Rui Manuel Borges (Pároco de Caria e do Carregal), o Pregador da Novena e da Festa.
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