segunda-feira, 28 de maio de 2012

Enganado - Gn 29, 15-30

       Jacob acordou na manhã seguinte junto da sua nova esposa. A luz da manhã brilhava por entre as cortinas. Ele virou-se para olhar para ela. O que viu fê-lo gritar de raiva. Vestiu à pressa as suas roupas e tempestuosamente partiu para encontrar Labão. “Onde está a Raquel?” – gritou. “Eu trabalhei sete anos para casar com ela. Trouxeste-me a irmã dela! Seu enganador sem escrúpulos.”
       Labão não pareceu minimamente surpreendido com a explosão, nem muito preocupado. Fez sinal aos seus criados para continuarem com os seus deveres: como pai da noiva, era seu dever oferecer à comunidade celebrações que durassem uma semana e não ia desapontá-la. Depois voltou-se para Jacob com um sorriso calmo.
       “Costume local, meu rapaz” – disse ele. “É preciso respeitar estas coisas. A Lia é a mais velha. Temos de cumprir a tradição de ser ela a casar primeiro.”
       “Mas a Lia é tão feia…”
       “Acalma-te, meu rapaz. Todos dizem que a minha filha mais velha tem olhos ternos. Aguarda até que terminem os dias de banquete. Nessa altura terás também a Raquel.”
       Labão fez uma pequena pausa para beber um pouco da sua bebida: “Claro que terás de trabalhar depois mais sete anos, para concluir o acordo de forma adequada, mas pelo menos terás a Raquel.”
       Jacob ficou sem margem para negociar. Atirou um olhar furioso ao seu tio, mas Labão, simplesmente, voltou-lhe as costas e regressou aos festejos do dia.
         Jacob observou-o furioso, mas em silêncio. “Muito bem” – disse por fim.

Mónica Aleixo, in Boletim Voz Jovem, março 2012.

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