sábado, 21 de abril de 2012

3.º Domingo da Páscoa (ano B) - 22 de abril

       1 – "Vós sois as testemunhas de todas estas coisas".
       Vimos e não podemos calar a nossa alegria por encontrarmos Cristo Jesus no meio de nós, vivo, ressuscitado. Ele que dera a Sua vida até ao derramamento de sangue, até à morte cruenta numa cruz, por amor – podia "livrar-se" dos sofrimentos e prosseguir a sua vida comodamente; escolheu amar, em todas as circunstâncias –, está de volta ao mundo dos vivos.
       Amar exige muitas vezes sofrer, gastar as energias a favor de quem se ama, dar-se por inteiro, feliz por premiar o destinatário do amor. Amar pode levar à morte, para da morte livrar o(a) amado(a). Exemplo paradigmático, o da mãe pelo filho, que sofreria e morreria em vez dele, não por querer sofrer ou morrer, mas para salvar o seu amor maior!
       No caminho de Emaús, dois discípulos são surpreendidos por um estranho, que não é assim tão estranho. Jesus vai connosco, percorre os nossos caminhos, envolve-Se nos nossos sonhos e projetos, mas nem sempre O reconhecemos. Há momentos, porém, que é impossível não O ver. Os discípulos reconhecem-n'O ao partir do pão. Vão rapidamente comunicar o sucedido ao grupo dos Apóstolos. 
       Ainda tentavam conter o entusiasmo e já Jesus Se apresenta no meio deles e lhes diz: «A paz esteja convosco». A surpresa é evidente. Jesus questiona: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». De novo a dúvida, a hesitação. Será que estamos acordados, não será um sonho, uma ilusão?
       Para que não haja dúvidas, Jesus come também uma posta de peixe assado – não é um fantasma –, e explica com a Sagrada Escritura: “Está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém".


       2 – "Nós somos testemunhas disso".
       A ressurreição e os encontros com o Ressuscitado alteram por completo a vida dos Seus seguidores. Antes, na vida pública de Jesus, na pregação, no anúncio do Evangelho, na passagem de uma a outra povoação, eles são discípulos, frequentam a escola, acompanham-n'O, vão ver onde mora e como mora, aprendem a Sua postura. Com a Sua morte, dá-se um grande vazio e uma enorme incerteza. Mas, três dias depois, eis que Jesus Lhes aparece. E então tudo muda. E, embora não deixem de ser discípulos, agora são Apóstolos, enviados, anunciadores do Evangelho. Então, eles, e agora nós. Ele está vivo e somos nós hoje o Seu olhar, a Sua voz, as Suas mãos, a Sua vida. Somos discípulos e apóstolos, aprendizes e testemunhas.
       O temoroso e hesitante Pedro aparece fortalecido com o Espírito do Ressuscitado, dirigindo-se resolutamente ao povo: «O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, o Deus de nossos pais, glorificou o seu Servo Jesus, que vós entregastes e negastes… matastes o autor da vida, mas Deus ressuscitou-O dos mortos, e nós somos testemunhas disso. Agora, irmãos… arrependei-vos e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam perdoados».
       A vida não vai parar. É tempo de arrepiar caminho, deixando no passado o que é passado, convertendo-se de todo o coração, para que os pecados sejam perdoados, e se inicie a vida nova de ressuscitados pela água e pelo Espírito Santo, em que fomos enxertados em Cristo Jesus e no Seu Corpo que é a Igreja, no dia do nosso batismo.

       3 – "Vós sois as testemunhas de todas estas coisas".
       Viveram com Jesus durante três anos, aprendendo os Seus gestos, a Sua postura, a Sua forma de estar e de Se relacionar com Deus e com as pessoas, tornaram-se Seus amigos. Passaram bons e maus momentos juntos. Partilharam dificuldades e dissabores, saborearam momentos de grande envolvência. Viram o Seu Mestre aclamado, como Rei. Mas para a morte ninguém está preparado. Também eles não estavam preparados para acompanhar o caminho "descendente" d'Aquele que havia de trazer a glória e o sucesso. Jesus vai ao fundo, morre!
       Mas não será o fim. Levanta-Se do túmulo, cheio de luz, de amor, de VIDA nova. Nem a pesada pedra trava tamanha força, tamanha revolução. Está de novo no meio deles, no meio de nós. E conSigo introduz-nos numa vida nova, dá-nos o Espírito Santo, envia-nos para o mundo, para toda a parte. Hoje somos nós as testemunhas de todas estas coisas, do Seu projeto de amor e salvação, e também nós beneficiários da Sua entrega.
       E agora que nos tornamos filhos e herdeiros em Cristo, é bom que Lhe permaneçamos fiéis para podermos desfrutar da alegria, da graça e do bem que d'Ele recebemos.
       São incisivas as palavras de São João: "Meus filhos, escrevo-vos isto, para que não pequeis. Mas se alguém pecar, nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado junto do Pai... Se alguém guardar a sua palavra, nesse o amor de Deus é perfeito". Guardar os mandamentos do Senhor, permanecer na Sua presença, para que em nós transpareça o Seu rosto, para sermos testemunhas credíveis para os nossos coetâneos.

Textos para a Eucaristia (ano B): Atos 3, 13-15.17-19; 1 Jo 2, 1-5a; Lc 24, 35-48.

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