sexta-feira, 16 de março de 2012

O Evangelho cheira a pão, a mãos, a fuso e roca, a lenha

       A vida não avança com imposições, com uma série de proibições ou de obrigações, mas com uma paixão. E a paixão floresce a partir da beleza intuída, vislumbrada, saboreada; a partir de gestos e palavras, de sentimentos e atitudes capazes de ainda te roubarem o coração e vencê-lo ou, pelo menos, con-vencê-lo. O Evangelho cheira a pão, a mãos, a fuso e roca, a lenha. Cheira a Nazaré.
       Uma vida feliz que porá no coração do Evangelho novas estradas para a felicidade, novas bem-aventuranças; que porá no centro da religião o que está no centro da existência: o amor.
       Nos trinta anos de Nazaré, Jesus apreende o cuidado amoroso por cada uma das mais pequenas coisas daquele que ama, é lá que compreende infinito de Deus com o infinitamente pequeno («Não se perderá um só cabelo da vossa cabeça», Lc 21,18), a atenção amorosa ao outro, pelo que nada do que pertence à pessoa amada é insignificante. O Evangelho já acontece naquela casa.

ERMES RONCHI, As casas de Maria

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