sábado, 30 de julho de 2011

XVIII Domingo do Tempo Comum - 31 de Julho

       1 - A nossa vida é uma busca constante, busca de felicidade, de realização em diferentes níveis, pessoal, familiar, profissional. E mesmo quando surgem situações de mal, de destruição, de egoísmo, são outras tantas formas de afirmação pessoal, de realização invertida, ainda que por vezes resulte não da vontade decidida e consciente mas pela influência do grupo ou de algum distúrbio psíquico. Mas a regra mantém-se: todos queremos ser felizes; a maneira de o conseguir, ou o grau de realização, é que é diferente de pessoa para pessoa.
       Encontramos pessoas que em pequenas coisas se sentem felizes e outras em que por mais razões que tenham para sorrir andam sempre de cara à banda, indispostas com a vida, com os outros, com o mundo. Existem pessoas que vivem só para este mundo e aparentam ser felizes, mas sempre com um vazio interior, porque as suas vidas fecham-se num tempo limitado e finito. E existem pessoas de fé que são verdadeiramente felizes. Nelas não existe o vazio da escuridão. É certo, como já referia Santo Agostinho, também elas procuram como quem encontra e encontram como quem procura. Por outras palavras, o sentido que encontra na fé e pela fé é motivação para aprofundarem a vivência espiritual, comprometendo-se mais e mais com a transformação deste mundo, para também aqui e agora trazerem razões para esperança.

       2 - Com efeito, a verdadeira resposta às nossas procuras interiores, à nossa sede de sentido, só tem uma resposta plenamente satisfatória em Deus, pois só Ele nos garante e à nossa vida, não apenas hoje, amanhã, mas definitivamente. Todos nós ansiamos por mais. Esta ânsia de sermos felizes é também uma ânsia de eternidade. E neste propósito só Deus assegura definitividade. Só Ele dá um sentido coerente e final que não se corrói com o tempo nem termina quando acaba a pessoa.
       A nossa memória pessoal e humana ficaria para sempre morta, no passado, sem promessas cumpridas, apenas com sonhos desfeitos. Por outro lado, Deus é a certeza que no fim vencerá o Bem, a Verdade, a Justiça, a Beleza. Este Vale de Lágrimas que atravessámos, sem fé, não teria qualquer sentido, pelo contrário acentuaria um vazio permanente, obscuro, destrutivo. E que dizer do sofrimento? Do sofrimento inocente? Já agora é tão difícil perceber. E se não houvesse futuro, se não houvesse Deus, se não houvesse Alguém que garantisse a justiça definitiva.
       É certo que Deus respeita as nossas escolhas. Como é certo que muitas das escolhas que uns e outros fazemos são fonte de injustiças e de sofrimento. Mas no fim, sabemos que Ele lá está, não como o castigador, mas como Amor que Se dá e Se entrega para que todos tenhamos a vida em abundância. Como nos lembra o Apóstolo: "...eu estou certo de que nem a morte nem a vida, nem os Anjos nem os Principados, nem o presente nem o futuro, nem as Potestades nem a altura nem a profundidade nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que se manifestou em Cristo Jesus, Nosso Senhor".

       3 - O Profeta Isaías, mensageiro de Deus, mostra-nos como em Deus podemos encontrar o alimento que dá sentido e sabor às nossas inquietações mais profundas, às nossas buscas interiores.
       «Eis o que diz o Senhor: 'Todos vós que tendes sede, vinde à nascente das águas. Vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei. Vinde e comprai, sem dinheiro e sem despesa, vinho e leite. Porque gastais o vosso dinheiro naquilo que não alimenta e o vosso trabalho naquilo que não sacia? Prestai-Me atenção e vinde a Mim; escutai e a vossa alma viverá. Firmarei convosco uma aliança eterna, com as graças prometidas a David'».
       E o alimento que Deus nos dá é gratuito. Acentua-se também aqui que o verdadeiro alimento que não se esgota provém da escuta da Palavra de Deus.
       Do mesmo jeito o Evangelho realça que a multidão vai em busca de um sentido, vai ouvir Jesus, esperando d'Ele palavras de conforto ou, como um dia dirá São Pedro, Palavras de vida eterna. Por vezes, também a curiosidade e o desejo de ver milagres. Mas os evangelhos são expressivos, mostram como a compaixão de Jesus pela multidão O leva a ensinar-lhes muitas coisas, dá-lhes um alimento espiritual. E as multidões seguem-n'O para O ouvir.
       O milagre da multiplicação foi sempre visto como antecipação do mistério maior da nossa fé, a Eucaristia, na qual, nos elementos do pão e do vinho, Jesus nos havia de dar o Seu corpo e sangue como alimento abundante até à eternidade.
       «Tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao Céu e recitou a bênção. Depois partiu os pães e deu-os aos discípulos e os discípulos deram-nos à multidão. Todos comeram e ficaram saciados». Neles todos somos (ou podemos ser) saciados.

       4 - A dimensão vertical (que nos liga a Deus) não dispensa a dimensão horizontal (que nos liga aos outros), antes o exigem. Viver a fé com autenticidade implica o compromisso com o nosso semelhante e com a transformação do mundo presente. Somos enviados por Jesus para, em Seu nome, inundarmos o mundo das pessoas com o Seu amor, com a Sua Paixão, com o Seu perdão, com a Sua vida.
       Aos discípulos Ele não pedirá menos que não sejam serem promotores do bem. Não lhes dá milagres para realizar, mas dá-lhes uma tarefa concreta, de fazerem como Ele fez.
       «Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e, cheio de compaixão, curou os seus doentes. Ao cair da tarde, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: 'Este local é deserto e a hora avançada. Manda embora toda esta gente, para que vá às aldeias comprar alimento'. Mas Jesus respondeu-lhes: 'Não precisam de se ir embora; dai-lhes vós de comer'».
       E não vale a pena adiar os problemas e as dificuldades, ou esconder-se. As palavras são também para nós, discípulos deste tempo: "Não precisam de se ir embora; dai-lhes vós de comer". Agora é connosco. Jesus Cristo conta com cada um de nós e com todos nós.


Textos para a Eucaristia (ano A): Is 55,1-3; Rom 8,35.37-39; Mt 14,13-21

segunda-feira, 25 de julho de 2011

São Tiago, Apóstolo

Nota biográfica:
       Nasceu em Betsaida; era filho de Zebedeu e irmão do apóstolo João. Esteve presente nos principais milagres do Senhor. Foi morto por Herodes cerca do ano 42. É venerado com culto especial em Compostela (Espanha), onde se ergue a célebre basílica a ele dedicada, que atrai desde o século IX inumeráveis peregrinos de toda a cristandade.

Oração:
       Vós quisestes, Deus omnipotente, que São Tiago fosse o primeiro dos Apóstolos a dar a vida pelo Evangelho: concedei à vossa Igreja a graça de encontrar força no seu testemunho e auxílio na sua protecção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

domingo, 24 de julho de 2011

A Ostra e a Pérola

Você sabia..
Que uma ostra que não foi ferida não produz pérolas?
As pérolas são uma ferida curada.
Pérolas são produto da dor, resultado da
entrada de uma substância estranha ou
indesejável no interior da ostra,
como um parasita ou um grão de areia.
A parte interna da concha de uma ostra
é uma substância lustrosa chamada nácar.

Quando um grão de areia penetra, as
células do nácar começam a trabalhar e
cobrem o grão de areia com camadas e mais
camadas para proteger o corpo indefeso da
ostra. Como resultado, uma linda pérola é formada.
Uma ostra que não foi ferida, de algum modo,
não produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada:

Você já se sentiu ferido pelas palavras rudes de um amigo?
Já foi acusado de ter dito coisas que não disse?
Suas idéias já foram rejeitadas?

Então produza uma pérola… cubra suas mágoas
e as rejeições sofridas com camadas e camadas de amor.

Infelizmente, são poucas as pessoas que se interessam por esse tipo de movimento.
A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos, mágoas, deixando as feridas abertas e alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e, portanto, não permitindo que cicatrizem.
Assim, na prática, o que vemos são muitas “Ostras Vazias”, não porque não tenham sido feridas, mas porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor.
Um sorriso, um olhar, um gesto, na maioria das vezes, vale mais do que mil palavras...

Autor Desconhecido


sábado, 23 de julho de 2011

XVII Domingo do Tempo Comum - 24 de Julho

       1 – Para escutar, compreender e acolher a palavra de Deus é necessário, antes de mais, uma atitude de humildade, de abertura de coração e de mente, de disponibilidade para se deixar tocar/envolver pela graça de Deus, e prontidão para se deixar transformar pela força do Espírito.
       No contexto das parábolas, os discípulos perguntam a Jesus qual a razão para Ele falar em parábolas. Jesus vai respondendo que fala dessa forma para que as pessoas não compreendam. Mas acrescenta um dado muito importante: não compreendem porque os seus corações se tornaram duros. Daqui se conclui com facilidade que a “não compreensão” não assenta na dificuldade da mensagem, ou na pouca erudição da população, mas na dureza do coração, no orgulho, na prepotência, na tradição ignorante, na arrogância, na sobranceria.
       Para escutar, compreender e acolher a palavra de Deus é preciso a humildade de coração. Só um coração humilde é capaz de escutar e compreender. Com efeito, as parábolas contadas por Jesus facilitam a compreensão do que nos quer comunicar.
       Ora, vejamos mais três parábolas sobre o reino dos Céus:
  • “O reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. O homem que o encontrou tornou a escondê-lo e ficou tão contente que foi vender tudo quanto possuía e comprou aquele campo”.
  • “O reino dos Céus é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, foi vender tudo quanto possuía e comprou essa pérola”.
  • “O reino dos Céus é semelhante a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes. Logo que se enche, puxam-na para a praia e, sentando-se, escolhem os bons para os cestos e o que não presta deitam-no fora. Assim será no fim do mundo: os Anjos sairão a separar os maus do meio dos justos e a lançá-los na fornalha ardente".
       2 – As diversas parábolas ajudam-nos a compreender o mistério do reino dos Céus e o que nos é "exigido" para fazermos parte dos eleitos do Senhor. Não esqueçamos que a condição primeira é a disponibilidade de coração, a humildade diante d'Aquele que vem, que chega até nós e nos impulsiona para o Céu, para a vida divina, a vida na graça santificante.
       Partimos da humildade de coração para a necessidade e urgência de conversão. Só predispondo-nos a mudar o nosso coração, a nossa vida, deixando-nos cativar pelo Espírito Santo que Jesus nos dá, nos preparamos para compreender a Palavra que pode alterar para sempre a nossa vida.
       Jesus explicita a Sua missão no mundo, no meio da humanidade, e a abrangência do reino de Deus, que se estende até aos confins do mundo e ao fim dos tempos. Todavia, desde logo, salta para a liça a prioridade do reino de Deus diante de todas as coisas, de todos os compromissos, de todos os projectos. Todos os projectos só têm um sentido absoluto, definitivo e garantido para o futuro, no Reino de Deus. Este é a pérola mais preciosa, é o tesouro escondido em nós, no campo da nossa vida e que com a vida deveremos preservar. Primeiro o reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais virá por acréscimo.
       3 – Por outro lado, o reino de Deus destina-se a todos.
       Na última das parábolas Jesus compara o reino dos céus a uma rede que lançada ao mar recolhe todo o tipo de peixes, grandes e pequenos, brancos, verdes e vermelhos, azuis e laranjas, pretos e multicolores. Há peixes bons e peixes intragáveis. Mas, tal como na parábola do trigo e do joio (mas também do Semeador que saiu a semear, ou como a parábola do vinhateiro que sai de manhã, ao meio-dia, a meio da tarde, ao entardecer e chama todos os que encontra para a sua vinha, para a todos compensar do mesmo jeito), todos são chamados e todos têm as mesmas possibilidades (de serem pescados), bons e maus, com muitas ou com poucas capacidades. O importante, lembremo-lo uma vez mais, é o coração e a capacidade de cada um se tornar ouvinte, discípulo. A paciência amorosa de Deus é sem limites.
       Deixemo-nos pescar pelo Senhor, sabendo que para sermos bom peixe basta abrir o nosso coração, deixando-nos transformar na fé pelo Espírito de Amor que Jesus nos comunica com a Sua vida, morte e ressurreição.

       4 – Deus chama-nos; em Jesus Cristo vem ao nosso encontro. N'Ele o Reino dos Céus chega até nós. Vem para nos salvar, para que através do dom da Sua vida, do Seu amor infinito, nós sejamos inseridos na Sua vida divina, tornando-nos n'Ele, filhos de Deus.
       São Paulo fala-nos desta vocação primordial: "Nós sabemos que Deus concorre em tudo para o bem daqueles que O amam, dos que são chamados, segundo o seu desígnio. Porque os que Ele de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o Primogénito de muitos irmãos. E àqueles que predestinou, também os chamou; àqueles que chamou, também os justificou; e àqueles que justificou, também os glorificou".
       Em Jesus Cristo fomos/somos redimidos do pecado e da morte, a nossa herança é a vida eterna, a salvação junto de Deus.

       5 – Na dúvida e na incerteza dos tempos presentes, nas provações e dificuldades que encontramos, só a atitude de humildade nos leva a compreender a palavra de Deus e a fazer com que a vontade de Deus se traduza na nossa vontade muito humana. Por vezes podem faltar as forças, o ânimo; por vezes, as preocupações podem esvaziar o nosso compromisso e tornar este mundo mais belo e justo.
       Nunca nos falte a humildade, a abertura de coração. Como Salomão supliquemos a sabedoria para nos deixarmos guiar pelo Espírito de Deus: "Dai, portanto, ao vosso servo um coração inteligente, para governar o vosso povo, para saber distinguir o bem do mal; pois, quem poderia governar este vosso povo tão numeroso?».
       Não sabendo o que havemos de pedir, peçamos a sabedoria do Espírito Santo.


Textos para a Eucaristia (ano A): 1 Reis 3, 5.7-12; Rom 8, 28-30; Mt 13, 44-52.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Amar um ser é esperar nele para sempre

       «Que significa amar?
       Amar um ser é esperar nele para sempre.

       Amar um ser é não o julgar; julgar um ser é identificá-lo com aquilo que dele se conhece: «Agora, conheço-te. Agora julgo-te. Sei aquilo que vales»... Isto representa matar um ser.

       Amar um ser é esperar sempre dele algo de novo, algo de melhor.

       Se bem leio no Evangelho, poderei concluir da maneira pela qual Jesus saiu ao encontro dos homens e os amou e enriqueceu, que Ele sempre os considerou crianças, crianças que não haviam crescido convenientemente, que não haviam sido suficientemente amadas.
      
       Cristo nunca os identificou com aquilo que tinham feito até então.

       Pensai, por exemplo, em Maria Madalena: Cristo esperava dela algo que ninguém tinha conseguido descobrir e amou-a tanto, perdoou-lhe tão generosamente que dela obteve o amor mais puro e mais fiel e, admirados, todos à sua volta comentavam: «Será possível que ela seja assim?! Tínhamo-la julgado, pensávamos conhecê-la, haviamo-la condenado e tudo porque nunca fora convenientemente amada...»
       Cristo amou-a com tal perfeição que a tornou aquilo que os outros, pobres e desconfiados, demasiado avarentos de amor, não tinham sido capazes de suscitar nela.

       Cristo aguardava, esperava tudo de toda a gente. Fazia surgir, ao Seu redor, vocações, amizades e generosidades; e todos os que supunham conhecer de longa data aqueles personagens, ficavam atónitos: «Como? Zaqueu tornou-se generoso? Maria Madalena tornou-se pura e fiel? Tomé tornou-se crente? Mateus, o publicano, feito Apóstolo? E todos esses pobres, todos esses pecadores se transformaram em apóstolos e santos?... Como é possível?»

       Alguém os tinha amado, tinha acreditado neles.
       Alguém não havia repetido o que nós dizemos: «Não há nada a fazer dele, nada se conseguirá. Tentei tudo. Não quero tornar a vê-lo. Não volto a escrever. É perder tempo...»
       Cristo foi ao encontro de cada um deles, dizendo: «Só porque não foi amado o bastante é que se tornou assim mau. Se o amassem mais, seria melhor. Se tivessem sido mais delicados, mais generosos, mais afectuosos para com ele, ele teria conseguido libertar-se daquela armadura, daquela carapaça de que se revestiu para não sofrer tanto»...

Louis Evely, em "Fraternidade e Evangelho", in Abrigo dos Sábios.

Santa Maria Madalena

Nota Biográfica:
       É mencionada entre os discípulos de Cristo, assistiu à sua morte e mereceu ser a primeira a ver o Redentor ressuscitado de entre os mortos na madrugada do dia de Páscoa (Mc 16, 9). O seu culto difundiu-se na Igreja ocidental, sobretudo a partir do século XII.
Oração (colecta):
       Senhor, que, na vossa infinita bondade, quisestes que Maria Madalena fosse a primeira a receber do vosso Filho a missão de anunciar a alegria pascal, concedei-nos, por sua intercessão, que, seguindo o seu exemplo, anunciemos a Cristo ressuscitado e O contemplemos no reino da glória. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

       Maria Madalena, aquela de quem Jesus retirou sete espíritos, e que O acompanhou durante a vida pública.
       Durante muitos anos, Maria Madalena foi confundida ora com a mulher adúltera, ora com uma mulher de vida fácil, passe a expressão. Contudo a Igreja tem vindo a corrigir o erro. Não é que não pudesse ser um ou ser outra, e estar entre as primeiras e principais testemunhas do Evangelho. Mas destas não se conhece a identidade, e daquela sabe-se quem é (Maria) e de onde é: Magdala (=magdalena = madalena).
       Crê-se, que os sete espíritos deveria ser uma grave doença e a partir da cura ela não mais deixou de servir Jesus e os seus discípulos, com os seus bens, e com os seus préstimos, como reconhecimento e gratidão pela cura.
       Viria a ser a primeira testemunha da ressurreição de Jesus.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A fé purifica o coração!

       "...Adão, que tentara com as próprias forças apoderar-se do divino... Cristo desceu da Sua divindade tornando-Se homem... despoja-Se do seu esplendor divino, ajoelha-Se por assim dizer diante de nós, lava e enxuga os nossos pés sujos, para nos tornar capazes de participar no banquete nupcial de Deus.
       ... é o amor de Jesus até ao fim que nos purifica, que nos lava. O gesto do lava-pés exprime isto mesmo: é o amor serviçal de Jesus que nos arranca da nossa soberba e nos torna capazes de Deus, nos torna 'puros'...
       ... A fé purifica o coração. A fé deriva do facto de Deus Se voltar para o homem. Não se trata simplesmente de uma decisão autónoma dos homens. A fé nasce porque as pessoas são tocadas interiormente pelo Espírito de Deus, que lhes abre os corações e os purifica".

Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré,  pp. 56-57.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Novas tecnologias ao serviço da missão

       Conferência de Miguel Cardoso, em Valadares, sobre as tecnologias e o seu papel na missão da Igreja. Fundador da "Terra das Ideias", autora da nossa página www.tbcparoquia.com. A exposição é também um testemunho de vida cristã:

Uma esposa para Isaac: Rebeca - Gn 24, 32-66

       A jovem, cujo nome era Rebeca, ficou surpreendida com os presentes que lhe haviam sido oferecidos. Sem fôlego com tanto entusiasmo, correu para contar à sua mãe.
        “Escutai! O homem deu-me jóias em ouro e perguntou-me se podia visitar o Pai. Certamente isso só pode significar uma coisa” – exclamou ela.
       O irmão de Rebeca, Labão, tinha reparado nas jóias e apressou-se a sair para saber o que se passava. Ele e o seu pai ouviram o servo contar a tarefa que lhe tinha sido destinada: encontrar uma esposa a pedido do seu parente Abraão.
       “Bom, é realmente espantoso que Deus vos tenha guiado até nós” – concordaram ambos. “Deve fazer parte do desígnio de Deus que a nossa Rebeca case com o filho do vosso amo”.
       “Assim é” – disse o servo. “Lembrai-vos que o meu amo é um homem rico e que me providenciou tudo o que possa ser necessário para tratar dos preparativos”. Exibiu presentes esplêndidos para a família e as jóias de ouro e roupas mais refinadas para Rebeca.
       O pai e o irmão de Rebeca acenaram com a cabeça. “Estamos contentes com a oferta” – disseram. “Agora temos de perguntar a Rebeca o que pensa”. Rebeca ficou radiante. “Teria todo o gosto em ir convosco e conhecer esse jovem assim que quiserdes!” – disse ela.
       Com a bênção da sua família, Rebeca e alguns dos seus servos prepararam-se para viajar para Canaã com o servo de Abraão. Meio alegres, meio tristes, montaram os camelos e acenaram em despedida.
       Isaac ficou radiante com a chegada da sua futura noiva. Pouco tempo depois, descobriu que também estava apaixonado por ela.

Mónica Aleixo, in Boletim Voz Jovem, Julho 2011.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Palavra de Jesus é o verdadeiro firmamento!

       "A palavra é quase-nada quando confrontada com o enorme poder do universo material imenso, é um sopro momentâneo na grandeza silenciosa do universo; pois bem, a palavra é mais real e duradoura do que todo o mundo material. É a realidade verdadeira e merecedora de confiança, o terreno firme sobre o qual podemos apoiar-nos e que permanece inclusive com o escurecimento do Sol e q queda do firmamento. Os elementos cósmicos passam; a palavra de Jesus é o verdadeiro 'firmamento' sob o qual o homem pode estar e permanecer".

Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré,  p 51.

domingo, 17 de julho de 2011

Visita ao Santuário de Fátima

       Peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em visita guiada, com imagens, com informações vários, com o sentido da fisionomia do santuário, com história e estórias, e com a belíssima voz/interpretação de Maria Callas, na Avé-Maria de Schubert:

O amor não pode senão amar e desejar ser amado

       «Talvez aí resida o segredo da sua essência: o amor ama e deseja ser amado, o amor não pode senão amar e desejar ser amado, o amor não pode cessar de amar nem de desejar ser amado! (...)
        A oferta divina de um amor incondicional não implica que esse amor não espere nada em troca, porque o duplo fundamento da sua gratuidade não tornaria a ser posto em causa pela expectativa de ser amado, presente no próprio Deus. (...)
        Se uma resposta positiva da parte do ser humano pode ser tão ardentemente desejada, não é por ser uma condição a satisfazer para ser amado por Deus, mas, antes, por este continuar a ser o único meio de estabelecer, um dia, uma comunhão de amor vivida a dois, visto que não pode deixar de passar por uma escolha livre e mútua, sem a qual nenhuma relação se pode desenvolver nem desabrochar verdadeiramente.»

Irmão Emmanuel, de Taizé, em "Um Amor a descobrir",

sábado, 16 de julho de 2011

XVI Domingo do Tempo Comum - 17 de Julho

1 – No Evangelho deste Domingo, Jesus fala-nos de novo em parábolas:
  • "O reino dos Céus pode comparar-se a um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e deu fruto, apareceu também o joio. Os servos do dono da casa foram dizer-lhe: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem então o joio? Ele respondeu-lhes: ‘Foi um inimigo que fez isso’. Disseram-lhe os servos: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ ‘Não! – disse ele – não suceda que, ao arrancardes o joio, arranqueis também o trigo. Deixai-os crescer ambos até à ceifa e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros: Apanhai primeiro o joio e atai-o em molhos para queimar; e ao trigo, recolhei-o no meu celeiro’".
  • "O reino dos Céus pode comparar-se a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Sendo a menor de todas as sementes, depois de crescer, é a maior de todas as hortaliças e torna-se árvore, de modo que as aves do céu vêm abrigar-se nos seus ramos".
  • "O reino dos Céus pode comparar-se ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado".
       2 – Num primeiro momento, tal como na parábola do Semeador que saiu a semear, do passado domingo, nota-se como a Palavra de Deus, qual semente, pequenina, às vezes quase imperceptível, como o grão de mostarda, ou como fermento invisível ao olhar e até ao paladar (quando muito pode notar-se a sua ausência), germina com eficácia, ainda que por vezes sobrevenha conjuntamente o mal, o joio, que pode abafar o trigo, a boa semente, tal como na vida em que muitas vezes o mal esconde todo o bem de uma pessoa, de um grupo, de uma instituição.
        Veja-se o caso das notícias que passam nos meios de comunicação social: quase na totalidade, negativas. Se aparece uma positiva ou é relativizado, colocada no boletim informativo quase como um apêndice, ou já não provoca entusiasmo. No dia seguinte (se não for no mesmo dia), quando nos encontramos no café, na rua, nos nossos passeios e nos nossos encontros, de que é que falamos, daquela boa notícia? Talvez. Mas o mais certo e habitual é falarmos de mais um episódio negativo, da crise, da corrupção...
       3 – Mas vejamos o significado que Jesus dá à parábola do trigo e do joio. Também agora Ele no-la explica: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do homem e o campo é o mundo. A boa semente são os filhos do reino, o joio são os filhos do Maligno e o inimigo que o semeou é o Demónio. A ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os Anjos. Como o joio é apanhado e queimado no fogo, assim será no fim do mundo: o Filho do homem enviará os seus Anjos, que tirarão do seu reino todos os escandalosos e todos os que praticam a iniquidade, e hão-de lançá-los na fornalha ardente; aí haverá choro e ranger de dentes. Então, os justos brilharão como o sol no reino do seu Pai".
       Tal como na parábola da semana passada, também acerca desta não é descabido pensar que o trigo e o joio crescem juntos nas mesmas pessoas. Imediatamente, os bons são o trigo e os maus o joio. Mas, reflectindo um pouco mais, vemos como em cada um de nós cresce simultaneamente o trigo e o joio, ainda que por vezes se destaque um dos elementos. Há pessoas que produzem trigo em abundância. Há pessoas que deixam que o joio abafe e destrua a boa semente que trazem em si.

       4 – Olhando ainda para esta parábola, podemos aferir como a paciência de Deus é infinita. Ele não julga no início ou quando surgem as primeiras dificuldades ou os primeiros erros, espera, cuida, ama, perdoa, respeita a nossa liberdade e as nossas escolhas, deixam-nos tentar, deixa-nos errar, mas impele-los para Si, sempre, pacientemente, até ao fim, até que o bem possa abafar o mal.

       Também nas palavras da Sabedoria e do Salmo encontramos esta certeza:
  • "Vós, o Senhor da força, julgais com bondade e governais-nos com muita indulgência, porque sempre podeis usar da força quando quiserdes. Agindo deste modo, ensinastes ao vosso povo que o justo deve ser humano e aos vossos filhos destes a esperança feliz de que, após o pecado, dais lugar ao arrependimento".
  • "Senhor, sois um Deus bondoso e compassivo, paciente e cheio de misericórdia e fidelidade. Voltai para mim os vossos olhos e tende piedade de mim".
       5 – Neste entretanto, enquanto cresce o trigo e o joio, conjuntamente, nós temos a ajuda do Senhor, da Sua Palavra, dos Seus Sacramentos, do Espírito Santo. Como o Apóstolo também nós estamos cientes que "o Espírito Santo vem em auxilio da nossa fraqueza, porque não sabemos que pedir nas nossas orações; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. E Aquele que vê no íntimo dos corações conhece as aspirações do Espírito, sabe que Ele intercede pelos santos em conformidade com Deus".
       Se o Espírito Santo nos habita, tudo se torna mais fácil, basta-nos acreditar, basta-nos deixar que a nossa vontade se transfigure e se vá identificar com a vontade de Deus, para que o joio que possa haver em nós perca força diante da boa semente que cresce, amadurece e dá fruto.

Textos para a Eucaristia (ano A):
Sab 12,13.16-19; Sl 85 (86); Rom 8,26-27; Mt 13,24-43.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Oração para o tempo de férias


Senhor, seja este o tempo
de nos relançarmos em aliança mais pura com o real
convictos daquilo que a hospitalidade
paciente e fraterna do mundo
em nós revela

Que saibamos apreciar a imediatez flagrante em que a vida se dá,
mas também as suas camadas profundas, escondidas, quase geológicas.
Que no instante e na duração saibamos escutar,
hoje e sempre,
o vivo, o desperto, o fremente
e o seu esperançoso trabalho.

Recebe, de nós,
a aurora e o verde azulado dos bosques.
Recebe o silêncio intacto dos espaços.
Recebe a música oceânica do vento.

Mas recebe igualmente a marcha desencontrada da história,
o desenho inacabado da nossa conversa terrena,
esta espécie de parto que,
entre dor e alegria,
nos une.

Sejam os nossos quotidianos gestos
mergulhados na vivacidade da troca,
abertos ao que de todos os pontos
da humanidade e do mundo converge,
impelido pelo teu Espírito.

Que a frágil chama de amor hoje acesa
Ilumine tudo por dentro:
desde o coração da menor partícula
à vastidão das leis mais universais.
E tão naturalmente invada
cada elemento, cada mola, cada liame,
florescendo e amadurecendo
toda a vida que em nós vai germinar.

José Tolentino Mendonça, Editorial Agência Ecclesia.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O Senhor ama a cidade

Deus ama a cidade, apesar dos sinais proibidos, dos sentidos obrigatórios e dos jardins fechados
 (Adaptação do) SALMO 87
O Senhor ama a cidade,
e todos os que nela vivem.

O Senhor está na cidade
E vai à loja do cidadão
Para fazer o registo dos povos.

O Senhor conduz a cidade
ao ritmo da sua eternidade
e não dos nossos relógios.

O Senhor alimenta a cidade
Com as fontes da Sua palavra
e o pão do nosso suor.

O Senhor constrói a cidade,
a partir da sua sabedoria infinita
e dos nossos precários projectos.

O Senhor ilumina a cidade;
também as favelas, bidonvilles e musseques.

O Senhor caminha na cidade,
indiferente aos radares
e sinais vermelhos
dos que não O deixam passar.

O Senhor faz parar a cidade
para levar pão e água,
pelas passagens dos peões,
ao outro lado da rua da humanidade.

Grandes coisas se dizem de ti,
ó cidade de Deus e dos homens!

Frei Manuel Rito Dias, in Revista Bíblica, n. 335, Julho-Agosto 2011

Vigilância: sob o olhar de Deus

"Estar vigilante significa saber-se agora sob o olhar de Deus e agir como se deve fazer sob a sua vista"

Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré,  p 49.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Como peregrino, Ele vem ao nosso encontro

"Como peregrinos caminhamos para Ele; como peregrino, Ele vem ao nosso encontro e associa-nos à sua «subida» para a cruz e a ressurreição, para a Jerusalém definitiva que, na comunhão com o seu Corpo, já está a crescer no meio deste mundo".

Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré.

sábado, 9 de julho de 2011

Maria José Nogueira Pinto: NADA ME FALTARÁ

       Encontrei a Zezínha Nogueira Pinto pouco depois de ela saber que estava gravemente doente. Ao dizer-lhe que podia contar com as minhas orações, ela agradeceu e sorriu com um ar tão jovial, que até parecia que estávamos a falar de uma coisa boa… 
        Impressionou-me, sobretudo, a certeza serena que ela tinha. E foi, talvez perante o meu silêncio, que então me explicou que não rezava a Deus pela sua cura, mas para que a ajudasse a dizer sempre que sim. “Porque” – disse ela – “ou tudo isto em que acreditamos é verdade, ou então não faz sentido o que andamos a dizer”.
        Quando nos despedimos, ainda acrescentou: “Sabe o que também me ajuda a abraçar esta cruz? O modo como o nosso João Paulo II viveu o sofrimento”!
       Assim foi. Tal como o grande Papa polaco, a Zezinha não se escondeu por estar doente, nem disfarçou a sua fragilidade, ensinando-nos deste modo, a abraçar todas as circunstâncias que Deus nos dá, “confiando no melhor”.
        Mas que tipo de confiança é esta?... A resposta partilhou-a ela com todos, no último artigo que a própria escreveu, publicado ontem postumamente:
       “Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará”.

Aura Miguel, in Rádio Renascença.

Valeis muito mais do que todos os passarinhos

       Disse Jesus aos seus apóstolos: «O discípulo não é superior ao mestre, nem o servo é superior ao seu senhor. Ao discípulo basta ser como o seu mestre e ao servo ser como o seu senhor...
       ...não temais: valeis muito mais do que todos os passarinhos. A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens também Eu Me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus. Mas àquele que Me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus» (Mt 10, 24-33).
        No envio dos Apóstolos, Jesus não lhes garante facilidades, mas garante a Sua presença permanente. Nessas recomendações a certeza de que o discípulos não é mais que o Mestre, e não precisa de ser mais, basta-lhe seguir as pisadas. E se o Mestre sofrerá também os discípulos passarão pelas mesmas provações.
        Mas não há que temer, Ele estará sempre connosco e nem um fio de cabelo cairá da nossa cabeça sem o consentimento de Deus.
       Por outro lado, o testemunho que dermos de Jesus no mundo, será o testemunho que Ele dará junto de Deus Pai.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

XV Domingo do Tempo Comum - 10 de Julho

        1 – Naquele tempo, Jesus com os seus discípulos, frente a uma grande multidão, que constantemente surgia na Sua presença, começou a ensinar, usando diversas parábolas. A parábola, proposta neste domingo – "O Semeador que saiu a semear" –, é extraordinária, de uma beleza contagiante, e com uma mensagem provocante, envolvente, comovedora.
       Ouçamo-la do próprio Jesus: “Saiu o semeador a semear. Quando semeava, caíram algumas sementes ao longo do caminho: vieram as aves e comeram-nas. Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia muita terra, e logo nasceram porque a terra era pouco profunda; mas depois de nascer o sol, queimaram-se e secaram, por não terem raiz. Outras caíram entre espinhos e os espinhos cresceram e afogaram-nas. Outras caíram em boa terra e deram fruto: umas, cem; outras, sessenta; outras, trinta por um".
        E se noutras parábolas temos que encontrar uma explicação, nesta o próprio Jesus no-la apresenta: "Quando um homem ouve a palavra do reino e não a compreende, vem o Maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração. Este é o que recebeu a semente ao longo do caminho. Aquele que recebeu a semente em sítios pedregosos é o que ouve a palavra e a acolhe de momento, mas não tem raiz em si mesmo, porque é inconstante, e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, sucumbe logo. Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra, que assim não dá fruto. E aquele que recebeu a palavra em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende. Esse dá fruto, produz ora cem, ora sessenta, ora trinta por um”.
       2 – Fácil de entender a parábola. Mais fácil se torna com a explicação de Jesus.
Tradicionalmente, os diferentes terrenos seriam diferentes pessoas. Mas não é descabido pensar que cada um de nós, em diferentes épocas da sua vida, passa por diversas fases, umas vezes é terreno fértil, outras, pedregoso, outras vezes, terra com muitos espinhos.
       Por vezes as circunstâncias da vida deixam-nos sem paciência para escutar. Fechamo-nos. Não queremos ouvir. Não queremos que nos macem. Isolámo-nos
       Outras vezes, escutámos a Palavra de Deus e a voz da nossa consciência que nos atrai para Deus, mas temos muitas urgências: decidir, fazer, comprar, sair, divertir, encontros e mais encontros, festas, compromissos inadiáveis, muito trabalho... e não temos tempo nem para nós, nem para os outros, nem para a família, nem para viver com alegria e generosidade.
       Por vezes até gostaríamos de fazer diferente, comprometermo-nos mais, mas falta a coragem. Outras vezes, deixamos que outros façam. Outras vezes, vamos com a corrente...
       Mas também sabemos ser, e também somos, em muitas situações, terreno fértil, onde a Palavra de Deus germina e dá fruto em abundância.

       3 – O profeta Isaías utiliza a mesma imagem de Jesus, dizendo que a semente sempre produz, como a Palavra de Deus sempre germina e dá fruto. Vejamos o que nos diz o Senhor: “Assim como a chuva e a neve que descem do céu não voltam para lá sem terem regado a terra, sem a terem fecundado e feito produzir, para que dê a semente ao semeador e o pão para comer, assim a palavra que sai da minha boca não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter cumprido a minha vontade, sem ter realizado a sua missão”.
       A vida (e o mundo) conta connosco. Deus conta connosco. Ou passamos pela vida como espectadores passivos, ou tornamo-nos actores, protagonistas da nossa história e agentes de transformação do mundo em que nos inserimos, na família, na comunidade, na nossa rua, na nossa freguesia, no nosso país.
       Cruzarmos os braços de pouco adianta como não adianta passarmos o tempo a lamentar-nos, a achar que poderíamos ter feito diferente, ou que aquele ou aquela deveriam ter feito assim ou assado, ou que não temos jeito, ou temos jeito mas não temos tempo, ou não temos oportunidade. A vida continua... connosco, ou sem nós. A escolha é nossa. Deixamos passar a vida por nós? Ou vivemo-la com garra, com paixão, com alegria?

       4 – O nosso compromisso cristão é com o tempo presente e com este mundo. Regámos a semente que germina em nós, a Palavra que gera vida, a presença de Deus que nos envolve com a transformação do mundo, certos que o nosso esforço e a nossa dedicação, dando o melhor de nós mesmos, como Jesus constantemente nos desafia, contribuirá para que este mundo seja habitável e se torna casa de todos.
       Mas nada somos sem a força do Espírito, o discernimento da Sua graça em nós, que nos permite viver na verdade e no bem. Neste tempo e até à eternidade. Para já estamos como que em trabalho de parto, na alegria e na confiança que é Deus que guia a História, experimentando, porém, a fragilidade e a finitude, o que, por vezes, nos pode trazer sofrimento, por ainda não vermos claramente os frutos do Espírito de Deus.
       Mas ouçamos a voz reconfortante do Apóstolo: "Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que se há-de manifestar em nós... Sabemos que toda a criatura geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. E não só ela, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando a adopção filial e a libertação do nosso corpo".
       Vivemos nesta tensão escatológica entre o já da salvação que se opera em Cristo, através do Seu Espírito de Amor, e o ainda não da glória definitiva junto de Deus na eternidade. Mas é uma tensão saudável, que nos atrai para Deus, mas que nos engloba no todo da humanidade.

Textos para a Eucaristia (ano A): Is 55,10-11; Rom 8,18-23; Mt 13,1-23.

Envio-vos como ovelhas para o meio de lobos

       Disse Jesus aos seus apóstolos: «Envio-vos como ovelhas para o meio de lobos. Portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tende cuidado com os homens: hão-de entregar-vos aos tribunais e açoitar-vos nas sinagogas. Por minha causa, sereis levados à presença de governadores e reis, para dar testemunho diante deles e das nações. Quando vos entregarem, não vos preocupeis em saber como falar nem com o que dizer, porque nessa altura vos será sugerido o que deveis dizer; porque não sereis vós a falar, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós» (Mt 10, 16-23).

       O envio dos apóstolos não é garantia de bem-estar, mas a certeza de que em todos os momentos, também nos mais difíceis, Deus estará com eles e o Espírito Santo os iluminará na hora de se apresentarem diante de governadores e réis, para darem testemunhos de Jesus Cristo e do Seu Evangelho de paz, de amor e de bem.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Maria José Nogueira Pinto: servi o melhor que soube e pude!

       A última crónica de Maria José Nogueira Pinto, no Diário de Notícias, com o título: NADA ME FALTARÁ. A fé no momento da despedida, quando já não havia esperança para este mundo, a esperança na eternidade de Deus.
       "Acho que descobri a política - como amor da cidade e do seu bem - em casa. Nasci numa família com convicções políticas, com sentido do amor e do serviço de Deus e da Pátria. O meu Avô, Eduardo Pinto da Cunha, adolescente, foi combatente monárquico e depois emigrado, com a família, por causa disso. O meu Pai, Luís, era um patriota que adorava a África portuguesa e aí passava as férias a visitar os filiados do LAG. A minha Mãe, Maria José, lia-nos a mim e às minhas irmãs a Mensagem de Pessoa, quando eu tinha sete anos. A minha Tia e madrinha, a Tia Mimi, quando a guerra de África começou, ofereceu-se para acompanhar pelos sítios mais recônditos de Angola, em teco-tecos, os jornalistas estrangeiros. Aprendi, desde cedo, o dever de não ignorar o que via, ouvia e lia.
       Aos dezassete anos, no primeiro ano da Faculdade, furei uma greve associativa. Fi-lo mais por rebeldia contra uma ordem imposta arbitrariamente (mesmo que alternativa) que por qualquer outra coisa. Foi por isso que conheci o Jaime e mudámos as nossas vidas, ficando sempre juntos. Fizemos desde então uma família, com os nossos filhos - o Eduardo, a Catarina, a Teresinha - e com os filhos deles. Há quase quarenta anos.
       Procurei, procurámos, sempre viver de acordo com os princípios que tinham a ver com valores ditos tradicionais - Deus e a Pátria -, mas também com a justiça e com a solidariedade em que sempre acreditei e acredito. Tenho tentado deles dar testemunho na vida política e no serviço público. Sem transigências, sem abdicações, sem meter no bolso ideias e convicções.
       Convicções que partem de uma fé profunda no amor de Cristo, que sempre nos diz - como repetiu João Paulo II - "não tenhais medo". Graças a Deus nunca tive medo. Nem das fugas, nem dos exílios, nem da perseguição, nem da incerteza. Nem da vida, nem na morte. Suportei as rodas baixas da fortuna, partilhei a humilhação da diáspora dos portugueses de África, conheci o exílio no Brasil e em Espanha. Aprendi a levar a pátria na sola dos sapatos.
       Como no salmo, o Senhor foi sempre o meu pastor e por isso nada me faltou - mesmo quando faltava tudo.
       Regressada a Portugal, concluí o meu curso e iniciei uma actividade profissional em que procurei sempre servir o Estado e a comunidade com lealdade e com coerência.
       Gostei de trabalhar no serviço público, quer em funções de aconselhamento ou assessoria quer como responsável de grandes organizações.  Procurei fazer o melhor pelas instituições e pelos que nelas trabalhavam, cuidando dos que por elas eram assistidos. Nunca critérios do sectarismo político moveram ou influenciaram os meus juízos na escolha de colaboradores ou na sua avaliação.
       Combatendo ideias e políticas que considerei erradas ou nocivas para o bem comum, sempre respeitei, como pessoas, os seus defensores por convicção, os meus adversários.
       A política activa, partidária, também foi importante para mim. Vivi-a com racionalidade, mas também com emoção e até com paixão. Tentei subordiná-la a valores e crenças superiores. E seguir regras éticas também nos meios. Fui deputada, líder parlamentar e vereadora por Lisboa pelo CDS-PP, e depois eleita por duas vezes deputada independente nas listas do PSD.
       Também aqui servi o melhor que soube e pude. Bati-me por causas cívicas, umas vitoriosas, outras derrotadas, desde a defesa da unidade do país contra regionalismos centrífugos, até à defesa da vida e dos mais fracos entre os fracos. Foi em nome deles e das causas em que acredito que, além do combate político directo na representação popular, intervim com regularidade na televisão, rádio, jornais, como aqui no DN.
        Nas fraquezas e limites da condição humana, tentei travar esse bom combate de que fala o apóstolo Paulo. E guardei a Fé.
       Tem sido bom viver estes tempos felizes e difíceis, porque uma vida boa não é uma boa vida. Estou agora num combate mais pessoal, contra um inimigo subtil, silencioso, traiçoeiro. Neste combate conto com a ciência dos homens e com a graça de Deus, Pai de nós todos, para não ter medo. E também com a família e com os amigos. Esperando o pior, mas confiando no melhor.
       Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará.

MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO

quarta-feira, 6 de julho de 2011

MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO

       Maria José Nogueira Pinto, deputada do PSD, morreu hoje aos 59 anos, vítima de cancro no pâncreas.
       Jurista de formação, licenciou-se pela faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Entrou na política em 1992, para o Governo de Cavaco Silva, como sub-secretária de Estado da Cultura. Um ano depois, abandonou o cargo em ruptura com Santana Lopes, que tutelava a pasta.
       Três anos depois, em 1995, entra na Assembleia da República como deputada independente eleita pelo CDS, partido do qual se torna militante um ano depois. Disputa a liderança do partido com Paulo Portas, foi líder parlamentar do partido e candidata à Câmara de Lisboa em 2005.
       Dois anos depois entra em conflito com Paulo Portas e abandona o CDS. Há dois anos, a convite de Manuela Ferreira Leite integrou as listas do PSD à Assembleia da República, cargo para o qual foi novamente eleita nas legislativas de Junho.
       Antes da vida política activa, Maria José Nogueira Pinto ocupou vários cargos em instituições públicas e privadas, foi vice-presidente do instituto português do cinema, directora da maternidade Alfredo da Costa e provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
       Desde a década de 90 que Maria José Nogueira Pinto era presença habitual na antena da Renascença como comentadora. Ultimamente integrou o painel do programa “Espaço Aberto”.


       E dizemos nós:
       Fervorosa defensora da vida, uma cristã que na vida política defendeu os valores da vida, da verdade, da justiça, da igualdade, do bem, da solidariedade. Por vezes a política altera a personailidade da pessoa. Aqui, a pessoa, Maria José Nogueira Pinto, levou os valores morais, cristãos, humanos, para humanizar a política, colocando esta ao serviço da pessoa, das pessoas.
        Felizmente, em todos os quadrantes políticos há valores que promovem a pessoa e a qulidade de vida. Em todos os quadrantes políticos há cristãos empenhados, comprometidos, não se deixando corromper, mas levando mais valia à vida político-partidária, do governo á oposição, da Assembleia a vários organismos governamentais

       O Presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d'Oliveira Martins, falou nela à Rádio Renascença, como cidadã e cristã empenhada :

       Guilherme d'Oliveira Martins, que foi colega de faculdade de Maria José Nogueira Pinto, destaca a personalidade da deputada do PSD, que faleceu hoje aos 59 anos.
       Maria José Nogueira Pinto foi “uma cidadã e cristã empenhada”
       “Foi minha colega na faculdade e desde sempre devo reconhecer que ela se afirmou com uma personalidade muito forte, uma personalidade muito generosa, uma pessoa com qualidades extraordinárias, qualidades de cidadã, de uma cristã empenhada que foi sempre toda a vida", diz o actual presidente do Tribunal de Contas.
       "Perco uma grande amiga, que me suscita já uma grande saudade, mas sobretudo que cita o seu exemplo de alguém que deu sempre tudo ao serviço público e tudo aquilo que ela entendia ser o bem comum”, diz ainda Guilherme d'Oliveira Martins.

»» Veja também o que disse Ribeiro e Castro.
»» Não deixe de ler o Editorial da Rádio Renascença.

Jesus identifica-Se com o menino

"Jesus identifica-Se com o menino; Ele mesmo Se fez pequeno. Como Filho, nada faz por Si mesmo, mas age totalmente a partir do Pai".

Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré. Volume II. Da entrada em Jerusalém até à Ressurreição. Principia. Parede: 2011.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Sacramento da Confirmação - Tabuaço 2011

       Nove jovens adolescentes da nossa comunidade paroquial de Tabuaço, que completaram 10 anos de catequese, celebraram o Sacramento da Confirmação, no passado dia 19 de Junho, conforme oportunamente aqui foi informado. Algum tempo passado colocamos hoje um vídeo que acolhe diversas fotos com variados momentos da celebração.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Festa da Catequese 2011 - Távora

       Realizou-se a Festa da Catequese, no Domingo, 3 de Julho, na Paróquia de São João Baptista de Távora. No passado dia 6 de Fevereiro, 8 jovens tinham tinham celebrado o Sacramento da Confirmação. Desta feita, foi a vez dos outros meninos e meninas que frequentaram a catequese durante o ano pastoral 2010/2011, distribuindo-se por diversos anos de catequese e diversas festas: Pai-nosso, da Palavra, Primeira Comunhão, e Profissão de Fé. Ficam as imagens cedidas pela Foto M&P.

Bento XVI inspirado em João Paulo II

       "O meu serviço foi sustentado pela sua profundidade espiritual, pela riqueza das suas intuições. Sempre me impressionou e edificou o exemplo da sua oração: entranhava-se no encontro com Deus,inclusive no meio das mais variadas incumbências do seu ministério. E, depois,impressionou-me o seu testemunho no sofrimento: pouco a pouco o Senhor foi-o despojando de tudo, mas permaneceu sempre uma «rocha», como Cristo o quis. A sua humildade profunda, enraizada na união íntima com Cristo, permitiu-lhe continuar a guiar a Igreja e a dar ao mundo uma mensagem ainda mais eloquente, justamente no período em que as forças físicas definhavam. Assim, realizou de maneira extraordinária a vocação de todo o sacerdote e bispo: tornar-se um só com aquele Jesus que diariamente recebe e oferece na Igreja".

domingo, 3 de julho de 2011

A Caritas radica na Eucaristia...

       "Partir o pão para todos é, em primeiro lugar, a função do pai da família, que nisto representa de algum modo Deus-Pai, o qual, através da fertilidade da terra, distribui por todos nós o necessário para a vida. Depois, é também o gesto da hospitalidade, pelo qual se faz participar o estrangeiro em coisas próprias, acolhendo-os na comunhão da refeição. Partir e partilhar - é precisamente a partilha que cria comunhão. Este gesto humano primordial do dar, de partilhar e unir, adquire, na Última Ceia de Jesus, uma profundidade inteiramente nova: Ele dá-Se a Si mesmo. A bondade de Deus, que se manifesta na distribuição, torna-se totalmente radical no momento em que o Filho, no pão, Se comunica e distribui a Si mesmo.
       O gesto de Jesus tornou-se assim o símbolo de todo o mistério da Eucaristia... Nela beneficiamos da hospitalidade de Deus, que, em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, Se nos entrega. Por isso, o partir e o distribuir do pão - o acto de amorosa atenção àquele que precisa de mim - é uma dimensão intrínseca da própria Eucaristia.
       A caritas, a solicitude pelo outro, não é um segundo sector do cristianismo a par do culto, mas está radicada precisamente nele e faz parte dele. Na Eucaristia, no 'partir o pão', estão indivisivelmente ligadas as dimensões horizontal e vertical"

Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré,  pp. 111.

sábado, 2 de julho de 2011

XIV Domingo do Tempo Comum - 3 de Julho

       1 – Na sexta-feira que antecede este XIV Domingo do Tempo Comum celebrámos a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. O Evangelho proclamado foi o mesmo, acentuando-se o amor que nos é dado em Cristo e manifesto com clareza na Sua vida e na Sua entrega até à CRUZ.
       O Coração de Jesus não é mera piedade popular, ou expressão plástica do corpo humano, é antes a acentuação do que verdadeiramente nos salva: o amor de Deus, derramado por nós.
       É neste sentido que o Papa Bento XVI, nas Jornadas Mundiais da Juventude, em Madrid, no próximo mês de Agosto, vai consagrar todos os jovens ao Sagrado Coração de Jesus. É no amor de Jesus, no Seu coração, que nós nos acolhemos e nos reconhecemos como irmãos, como filhos de Deus. A fonte de todo o Amor é Deus. Deus é Amor. Jesus traz à humanidade este Amor. A Encarnação é já expressão real do amor de Deus por nós. Ama-nos de tal modo que Se faz um de nós, que assume a nossa fragilidade e a nossa finitude humanas. Na Sua morte na Cruz, de novo, o amor como resposta e como desafio. Com a Sua ressurreição e ascensão aos Céus, Jesus coloca a nossa natureza humana à direita de Deus Pai, coloca-nos para sempre no coração de Deus.

       2 – Com efeito, é o coração que nos faz grandes. É o amor que nos torna pessoas. É pelo amor que nos aproximamos uns dos outros. É o amor que engrandece, dá sentido e sabor à nossa vida. É no amor que nos abrimos àqueles que se aproximam de nós. É pelo amor que reconhecemos a nossa pequenez, o que nos permite acolher o que o outro nos traz.
       "Jesus exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos..."
        Quando e sempre que nos colocamos numa atitude de sobranceria, julgando-nos os maiores, sem precisar de nada e nem de ninguém, o perigo sério e inevitável é isolarmo-nos, ficarmos sozinhos, perdermo-nos na nossa grandeza que não admite a aproximação de ninguém, que não tolera nem as qualidades nem as limitações alheias. Nos outros tudo é motivo para menosprezar.
       A nossa grandeza humana está no amor, que nos torna humildes. A humildade é essa sublime capacidade de nos termos como pessoas, como seres humanos, sabendo que precisamos uns dos outros e que estamos sempre em processo de aprendizagem. No amor ninguém é auto-suficiente. Na verdade, o amor envolve sempre mais que um: Deus e nós, eu e o outro. Os mistérios de Deus são passíveis de ser revelados e acolhidos pelos humildes, pelos que abrem o seu coração ao futuro e aos sinais de Deus no mundo.
       "Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve".
       A mansidão de Jesus e a Sua humildade não são, de modo nenhum, passividade e resignação, mas o reconhecimento que só o coração liberta, só o coração que ama pode olhar para os outros como iguais, como irmãos.
       3 – O amor de Deus para connosco revela-Se na Sua humildade, como acabámos de ver. Jesus apresenta-Se manso e humilde, concretizado, no Seu corpo, na Sua vida, o que já estava anunciado no Antigo Testamento. Com efeito, diz-nos o profeta Zacarias: "Eis o que diz o Senhor: «Exulta de alegria, filha de Sião, solta brados de júbilo, filha de Jerusalém. Eis o teu Rei, justo e salvador, que vem ao teu encontro, humildemente montado num jumentinho, filho duma jumenta. Destruirá os carros de combate de Efraim e os cavalos de guerra de Jerusalém; e será quebrado o arco de guerra. Anunciará a paz às nações: o seu domínio irá de um mar ao outro mar e do Rio até aos confins da terra»".
       O traço essencial desta mensagem profética é a vinda do Messias, Rei e Salvador, não com o poder dos fortes, mas na maior das simplicidades. Não se imporá pela força, pelas armas, mas pelo amor, pela paz.
       O motivo de tamanha alegria é o saber que Ele já está próximo e, por outro lado, contrariamente a tantas promessas e (falsas) profecias, não vem criar mais guerra para que no domínio do poder imposto se force a convivência forçada entre pessoas e povos, mas vem como Justo, Salvador, que vencerá pelo amor.

       4 – Pela morte e ressurreição, Jesus faz-nos entrar na Sua glória, na comunhão de Deus, na eternidade. Com Ele, nós fomos e somos inseridos numa vida nova. Morremos com Ele para o pecado e para a morte, ressuscitamos pela água e pelo Espírito Santo, para vivermos n'Ele, com Ele e por Ele, numa dinâmica de salvação, orientando o nosso ser e agir pelo perdão e pela caridade.
       "Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas se alguém não tem o Espírito de Cristo, não Lhe pertence. Se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós".
       Já não somos escravos do pecado e da morte, mas homens e mulheres libertos de toda a treva, para vivermos como ressuscitados, em Cristo Jesus. Há-de ser a nossa resposta ao amor que Deus nos tem e nos comunica por Jesus Cristo.

Textos para a Eucaristia (ano A): Zac 9, 9-10; Rom 8, 9.11-13; Mt 11, 25-30.

O que podemos aprender com os cães!

  1. Nunca deixes passar a oportunidade de sair para um passeio.
  2. Experimenta a sensação do ar fresco e do vento na tua face por puro prazer.
  3. Quando alguém que amas se aproxima, corre para o saudar.
  4. Quando houver necessidade, pratica a obediência.
  5. Deixa os outros saberem quando invadirem o teu território.
  6. Sempre que puderes tira uma soneca e espreguiça-te antes de te levantares.
  7. Corre, pula e brinca diariamente.
  8. Come com gosto e entusiasmo mas pára quando estiveres satisfeito.
  9. Sê sempre leal.
  10. Nunca pretendas ser algo que não és.
  11. Se o que desejas está enterrado, cava até encontrares.
  12. Quando alguém estiver a passar por um mau dia, fica em silêncio, senta-te próximo e, gentilmente, tenta agradá-lo.
  13. Evita morder quando apenas um rosnado resolver.
  14. Nos dias mornos, deita-te de costas sobre a relva.
  15. Nos dias quentes, bebe muita água e descansa debaixo de uma árvore frondosa.
  16. Quando estiveres feliz, dança e balança todo o teu corpo.
  17. Não importa quantas vezes fores censurado, não assumas a culpa que não tiveres e não fiques amuado... corre imediatamente de volta para teus amigos.