sábado, 21 de maio de 2011

V Domingo da Páscoa - 22 de maio de 2011

       1 «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». A resposta de Jesus a Tomé e a Filipe deixa clarividente que Jesus é o ROSTO de DEUS. Já não vivemos nas trevas, ou à media luz, vivemos no dia, na luz, no tempo em que Jesus nos dá a conhecer o próprio Deus. Disse-Lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai...».
        Sublinhe-se, uma vez mais, que o cristianismo não é uma Religião do Livro (a Bíblia), ou um conjunto de verdades, de leis, de decretos, mas é antes de mais e sobretudo, uma PESSOA e um acontecimento, Jesus Cristo com o mistério da Sua morte e Ressurreição, momento pelo qual nos oferece a Deus, redimindo-nos de todo o mal, e (re)colocando-nos em Deus.
       E nem a Sua ascensão ao Céus O afastará do mundo e sobretudo das pessoas: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas moradas...". Vai para junto do Pai, preparar a nosso morada, mas ainda mais próximo de cada um. Daí a nossa alegria, por sabermos que - tal como Deus Seu e nosso Pai - Ele ficará agora mais disponível, sem as limitações espácio-temporais.
       Ele é o CAMINHO, a VERDADE e a VIDA. N'Ele a garantia que o nosso presente e futuro estão assegurados. E se é certo que há tantos caminhos quantas as pessoas, como há alguns anos o referiu o então Cardeal Ratzinger. Cada um acolhe a fé à sua maneira, encaminhando-nos todos para Ele, o nosso caminho, caminho da Igreja, caminho da humanidade.

       2 Com efeito, isto é tanto assim, que depois da ressurreição/ascensão de Jesus, os Apóstolos não ficam paralisados pelo medo anterior mas sentem-se animados pelo Espírito de Jesus Cristo e, destemidamente, testemunham a presença de Cristo vivo em cada um, nas comunidades crentes, nos sacramentos, no bem a promover.
       E cedo começam a ver que as limitações pessoais são superadas pela força do Espírito Santo. Os frutos aparecem. Novas necessidades, novas dificuldades, novas potencialidades.
       "Aumentando o número dos discípulos, os helenistas começaram a murmurar contra os hebreus, porque no serviço diário não se fazia caso das suas viúvas. Então os Doze convocaram a assembleia dos discípulos e disseram: «Não convém que deixemos de pregar a palavra de Deus, para servirmos às mesas. Escolhei entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para lhes confiarmos esse cargo. Quanto a nós, vamos dedicar-nos totalmente à oração e ao ministério da palavra»".
       O importante, em cada nova situação, é confiar em Deus e deixar que Ele seja protagonista. Quando assim acontece, as dificuldades tornam-se novo ponto de partida para o anúncio do Reino e para a solidificação do Evangelho.
       Mais pessoas a quem atender, sem secundarizar o anúncio da Palavra de Deus.
       São escolhidos 7 homens, honrados, justos, de entre a comunidade. Surgem os diáconos (= aquele que serve... serviço das mesas = caridade). A dimensão caritativa não é dispensável, não é acessória, não é engavetável, é o rosto da Igreja, porque é também o rosto de Jesus Cristo. Ele não vem para ser servido mas para servir. Diante dos discípulos para lhes lavar os pés, a reafirmação: assim como Eu vos fiz, fazei-o também vós uns aos outros. Ele é o caminho a percorrer. Mas cada pessoa, como rosto de Cristo para este tempo, é caminho para a salvação.

       3 "Aproximai-vos do Senhor, que é a pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E vós mesmos, como pedras vivas, entrai na construção deste templo espiritual, para constituirdes um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo..."
       Cada um de nós faz o seu caminho.
       Caminhamos juntos, mas não uns em vez dos outros!
       Temos uma identidade, preocupações e anseios específicos, sonhos e projectos determinados. Como crentes, somos pedras vivas. Cada um de nós é peça importante na construção do Reino de Deus. Contudo, o nosso caminho, como cristãos, há-de levar-nos a Jesus Cristo, é Ele a Pedra Viva, preciosa aos olhos de Deus. E assim, como referido no início, o nosso caminho, na sua dinâmica pessoal, vai-se aproximando de Jesus Cristo, o Caminho, a Verdade e a Vida, inserido-nos assim na comunidade crente, na dinâmica comunitária da fé. Juntos formamos o Corpo de Cristo que é a Igreja, como pedras vivas, formamos o Templo santo do Senhor.
       Cada um de nós faz o seu caminho.
       Caminhamos juntos, mas não uns em vez dos outros!
       Olhando para o lado, não vendo ninguém, o caminho torna-se desértico, arenoso.
       Mas com os outros, e com Deus no nosso caminho, tudo se torna mais luminoso, mais seguro, ainda que as dificuldades persistam. Sabemos com Quem caminhamos e para onde vamos. O nosso caminhar torna-se mais decidido.

Textos para a Eucaristia (ano A): Act 6, 1-7; 1 Ped 2, 4-9; Jo 14, 1-12.

Sem comentários:

Enviar um comentário