sábado, 5 de fevereiro de 2011

V Domingo do Tempo Comum - 6/fevereiro

       1 – Diz Jesus aos seus discípulos, daquele e deste tempo: Vós sois o Sal da terra. Vós sois a luz do mundo. É uma imagem sugestiva e explicada pelo próprio Jesus: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».
       O sal, como o fermento, não se vê, não tem paladar, mas a sua ausência é notória. Pese embora o facto de actualmente outros ingredientes poderem desempenhar a função do sal, temperando a comida, o que aqui está em causa, é a função do sal na comida e do cristão no mundo. O sal tempera, torna a comida apetitosa. Assim deverá ser o cristão no mundo. Seguindo Jesus Cristo, assumindo o Seu jeito de amar e de Se dar, o cristão tem a missão singular de estar no mundo, sem se confundir com o mundo, para o transformar com a sua vida, em palavras e obras.
       A imagem da LUZ reforça o conteúdo da imagem do SAL. Tal como o sal tempera e torna comestíveis os alimentos, a luz permite-nos saborear a beleza do Universo, caminhar, encontrarmo-nos com os outros. Isto vale para a luz exterior (natural ou artificial), e para a luz interior, do entendimento, da sabedoria e da graça de Deus.
       A luz não se acende para estar escondida, mas acende-se para alumiar o quarto, a sala, toda a casa. Assim o cristão, com as suas boas obras, deve iluminar os ambientes em que vive, o trabalho e o lazer, a família e a comunidade, os negócios e a política, o desporto e a cultura, no campo e na cidade, de manhã ou à tarde.
       E como ser LUZ? Praticando o bem, vivendo honestamente, procurando a justiça e a concórdia, prestando atenção aos mais necessitados de pão e/ou de carinho, fazendo da verdade o seu lema, abrindo-se à graça de Deus.
       2 – Na primeira leitura deste Domingo escutamos o profeta Isaías que nos desafia com as palavras de Deus, num compromisso concreto com os outros: "Eis o que diz o Senhor: «Reparte o teu pão com o faminto, dá pousada aos pobres sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir e não voltes as costas ao teu semelhante. Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar»".
       A realização do bem, a prática da caridade, a vivência das obras de misericórdia, são LUZ que despontará na nossa vida e que iluminam o mundo em que vivemos. O profeta exemplifica com a prática da justiça, com a eliminação da opressão e das palavras ofensivas, com a partilha dos bens com quem nada tem, "então a tua luz brilhará na escuridão e a tua noite será como o meio-dia".
       O Salmo Responsorial, por sua vez, acentua a dinâmica proposta pelo profeta e por Jesus Cristo: "Brilha aos homens rectos, como luz nas trevas, o homem misericordioso, compassivo e justo. Ditoso o homem que se compadece e empresta e dispõe das suas coisas com justiça". O homem que assim proceder agrada ao Senhor e torna-se um farol para os seus irmãos.

       3 – O serviço da caridade, consequência lógica e natural da profissão de fé, está intimamente vinculado ao serviço da palavra e da pregação, como nos recorda o Apóstolo São Paulo, na segunda leitura. Na verdade, a Palavra de Deus inquieta-nos, desafia-nos à prática do bem. A fé conduz-nos às boas obras. Por sua vez, a vivência prática e concreta, o compromisso com o bem e com a caridade, ilumina, testemunha, e enriquece a vivência da fé.
       Por outro lado, o serviço da palavra leva-nos a Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, que se fará com simplicidade, com humildade, deixando que Deus fale em nós, fale pela nossa vida. A fé não se impõe com argumentos irrefutáveis, propõe-se, ou "impõe-se" com o testemunho. E quando mais simples forem as nossas palavras tanto mais poderão exprimir a grandeza do amor de Deus.
       "Quando fui ter convosco, irmãos, não me apresentei com sublimidade de linguagem ou de sabedoria a anunciar-vos o mistério de Deus. Pensei que, entre vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras".
       Uma vez mais concluímos que só a humildade nos (pre)dispõe para acolher Deus e reconhecer os sinais da Sua presença no mundo e, de igual modo, nos possibilita o diálogo e a comunhão com o nosso semelhante a quem havemos de reconhecer como irmão.
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Textos para a Eucaristia (ano A): Is 58, 7-10; Sl 111 (112); 1 Cor 2, 1-5; Mt 5, 13-16.

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