segunda-feira, 29 de novembro de 2010

As desavenças entre Nossa Senhora de Fátima e a Imaculada Conceição

       "Trazia o avental à cintura. Entrara pela porta lateral, porque estava entreaberta. Cuido que se estivesse aberta, não entraria, pois o mistério da porta aberta não se compara com o mistério da porta entreaberta. Entrou, disse Bom dia, viu e retorquiu. Olhe que Nossa Senhora de Fátima não pode ficar ao lado da Imaculada Conceição.
       A capela tinha estado em obras e tínhamos decidido recompor algumas das coisas, nomeadamente a posição e localização das imagens. As obras são sempre ocasião para recompor coisas.
       Intrigado e, digamos, aborrecido pela intromissão de quem só tem opiniões para dar mas não para fazer, perguntei. Porquê, senhora Ascensão? Ao que me respondeu Porque elas não podem uma com a outra. Não se dão bem. Se dissesse que não ficam esteticamente bem uma ao lado da outra, até poderia aceitar. Mas que não se dão bem!
       O senhor João, que estava ao meu lado, e por seu lado, soltou-se, no meio de uma gargalhada, Então o padre não sabia que a Nossa Senhora de Fátima não quer nada com as outras, porque ela é portuguesa e as outras não? E contou-me que as desavenças eram antigas e não se resumiam a estas duas, mas a uma série de nossas senhoras. Ao raciocínio acrescentei aquela de que a Senhora do O não podia estar ao lado da Senhora do Ai porque ainda estavam uma série de letras do alfabeto no meio. Rimos despregadamente.
       A senhora Ascensão não entendia. Por isso acrescentou. Olhe que já no tempo de minha avó já diziam que colocando uma ao lado da outra, alguma poderia cair do trono e era certo e garantido um ano de desgraças.
       Não coube mais em mim, e entendi donde vinham as desavenças antigas. Vinham da cabeça de alguns cristãos que mais nada sabem do que viver a fé com superstição.
       Expliquei-lhe que eram a mesma e que por isso não se iam zangar consigo próprias. Mas ela não entendeu e saiu deixando a porta aberta. Quando estamos zangados, ou batemos a porta ou a deixamos aberta. Nunca a deixamos como estava.
       É por estas e por outras que não deveríamos dar tantos nomes a Nossa Senhora".

1 comentário:

  1. Em sua exemplaridade para a Igreja, Maria é plenamente a Virgem do Advento na dupla dimensão que a liturgia tem sempre em sua memória: presença e exemplaridade. Presença litúrgica na palavra e na oração, para uma memória grata dAquela que transformou a espera em presença, a promessa em dom. Memória de exemplaridade para uma Igreja que quer viver como Maria a nova presença de Cristo, com o Advento e o Natal no mundo de hoje.

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