sábado, 18 de setembro de 2010

XXV domingo Tempo Comum - 19/Setembro

       1 - "Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" (Evangelho).
       Não se podem iludir ou contornar as palavras de Jesus. Por vezes, a linguagem bíblica remete para um outro significado e para outra realidade. Mas nesta questão, por mais de uma vez, Jesus aposta na radicalidade: os bens materiais não são e não podem ser um fim em si mesmo, são um meio ao serviço da realização de pessoas e de comunidades. Quando se endeusam as riquezas deste mundo, Deus é facilmente materializando, serve enquanto nos é útil, e assim também as pessoas, enquanto me/nos permitem subir na vida.
       Olhemos para a crise económico-financeira, em que sobra pouco espaço para as pessoas, para as famílias, para os seus problemas, para as suas conquistas, para os seus sonhos.
       O dinheiro comandou (comanda) a nossa vida. É uma ditadura que nos governa. Uma empresa, uma fábrica, um negócio, um banco, mantêm-se de pé enquanto dão lucro às chefias, aos sócios e aos patrões. E cada vez mais lucro, sempre mais lucro. Reduzem-se os benefícios dos trabalhadores, exige-se uma maior produtividade. Os sacrifícios na maioria das vezes não são para salvar os empregos, mas para assegurar mais lucros. Claro que no universo dos trabalhadores também se encontram os mesmos vícios, podendo trabalhar-se exigindo sempre mais, mas sem maiores compromissos nem maior produtividade...
       À crise económico-financeira, a crise de valores: o lucro acima das pessoas. Estas não contam, mas somente os números.

       2 - As palavras de Jesus, no Evangelho, apontam para a primazia de Deus, para que n'Ele se salvem as pessoas. Quando Deus ocupa o fim da nossa vida, quando é para Ele que nos encaminhamos, quando é o nosso porto seguro, então cada pessoa, como imagem e semelhança de Deus, como rosto de Jesus Cristo, será tratada como tal, como filho/a de Deus.
       Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia a trafulhice, a corrupção, a ganância e o egoísmo, o lucro à custa dos mais pobres e dos inocentes: "Faremos a medida mais pequena, aumentaremos o preço, arranjaremos balanças falsas. Compraremos os necessitados por dinheiro e os indigentes por um par de sandálias. Venderemos até as cascas do nosso trigo".
       Para de seguida lembrar que a justiça será assegurada por Deus. Ele lembrar-se-á de todas as nossas obras, boas e más. Não é uma aviso nem uma ameaça, é uma promessa que nos desafia ao bem, à generosidade e a colocá-l'O em primeiro lugar.

       3 - Toda a criação é fruto do amor de Deus. Na abundância deste AMOR, Deus faz surgir a luz, a noite e o dia, os peixes, as aves, os animais, a natureza, cria o HOMEM, à Sua imagem e semelhança, capaz de amar e ser amado, para ser feliz. Na treva do nosso pecado, na escuridão da nossa vida, Deus nunca se esqueceu de nós, nunca nos abandonou, nunca abandonará a obra das Suas mãos.
       Enviou-nos profetas, e nestes tempos que são os últimos, deu-nos o Seu próprio Filho. Diz-nos São Paulo a propósito, na Segunda Leitura, "recomendo, antes de tudo, que se façam preces, orações, súplicas e acções de graças por todos os homens, pelos reis e por todas as autoridades, para que possamos levar uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isto é bom e agradável aos olhos de Deus, nosso Salvador; Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou à morte pela redenção de todos".
       Também os bens materiais hão-de estar ao serviço da Salvação que Deus nos dá.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Am 8,4-7; 1 Tim 2,1-8; Lc 16,1-13

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