sábado, 11 de setembro de 2010

XIV Domingo Tempo Comum - 12 / Setembro

       1 - Não são os sãos que precisam de médico mas os doentes. É uma expressão utilizada por Jesus Cristo, para acentuar que são que os pecadores precisam de salvação. Destarte, aqueles que se têm por auto-suficientes, não precisam de salvação e nem de Salvador. A este propósito ouvimos Santo Agostinho: "Ó feliz culpa que nos valeu tão grande Salvador". Não se trata de humilhação, trata-se de reconhecer a nossa condição humana e finitiva, que se encontra e descobre com os outros e sobretudo com o Outro, Jesus Cristo, nosso Salvador.
       Isso mesmo nos é mostrado por Jesus nas três parábolas propostas no Evangelho de São Lucas: Um homem que perde uma das 100 ovelhas e deixam as 99 para ir ao encontro da ovelha perdida e ao encontrá-la fica radiante, faz uma festa. Uma mulher que tendo perdido uma de 10 dracmas, tudo faz para encontrar a dracma perdida e ao encontrá-la chama as amigas e faz uma festa. Um pai que quebra a cara, quando um dos filhos deseja a sua morte, pedindo a parte da herança que lhe cabe, sai de casa, volta sem nada, e o pai recebe-o como filho.
       A conclusão de Jesus não poderia ser mais óbvia: "haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos, que não precisam de arrependimento... tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado" (Evangelho).
       Em Jesus ecoam as palavras de alguns fariseus e doutores da Lei que se julgavam detentores da verdade e  únicos destinatários da salvação: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles».
       Jesus responde com expressividade através destas três parábolas.
       2 - Deus criou-nos para a felicidade, que é sinónimo de santidade, para nos realizarmos como pessoas, vivendo como filhos, descobrindo a alegria de existirmos como povo, em comunhão fraterna com os outros. A ousadia de Deus na criação faz brotar o Seu AMOR em abundância por nós.
       O pecado (da soberba, do orgulho, do egoísmo e da arrogância) distanciou-nos d'Ele, levou-nos ao conflito e à ruptura com o nosso semelhante, com o nosso irmão.
       E quando nós desistíamos uns dos outros, Deus ainda assim nos amou e não desistiu de nós nem do Seu projecto de Amor.
       No monte Sinai, em Deus, expressa-se a desilusão (mais humana que divina, mais do mensageiro do que da Mensagem): "O Senhor falou a Moisés, dizendo: «Desce depressa, porque o teu povo, que tiraste da terra do Egipto, corrompeu-se. Não tardaram em desviar-se do caminho que lhes tracei»". Em Moisés, sobrevém o amor de Deus. Como Abraão, também Moisés descobre que Deus não quer a destruição do homem. Nas palavras do Profeta, a sensibilidade divina: "Então Moisés procurou aplacar o Senhor seu Deus, dizendo: «Por que razão, Senhor, se há-de inflamar a vossa indignação contra o vosso povo, que libertastes da terra do Egipto com tão grande força e mão tão poderosa?»" (Primeira Leitura).
       Abraão, Moisés, JESUS CRISTO, São Paulo, traduzem a preocupação de Deus por nós e pela humanidade inteira. Trazem-nos Deus, para que de novo nos tornemos felizes.
       "A graça de Nosso Senhor superabundou em mim, com a fé e a caridade que temos em Cristo Jesus. É digna de fé esta palavra e merecedora de toda a aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores" (Segunda Leitura).

       3 - O projecto de Deus mantém-se desde toda a eternidade e para sempre: por amor nos criou, nos chamou e nos chama à vida, por amor nos dá um Salvador, o Seu próprio Filho. Deus nunca desiste de nós, como um Pai nunca desiste de seu Filho. Com amor de Pai e Mãe, Deus faz festa por nós e mesmo quando nos afastamos, Ele espera-nos, dá-nos o tempo que precisamos para voltar. Na volta, não nos estranha, acolhe-nos como filhos bem amados, inclui-nos na sua vida divina, "tudo o que é meu é teu".
       Não nos falte o discernimento para nos sabermos filhos amados, membros da família de Deus e, quando nos afastarmos, não nos falte a coragem para voltarmos ao lugar onde fomos e onde seremos sempre felizes.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Ex 32,7-11.13-14; 1 Tim 1,12-17; Lc 15,1-32

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