sábado, 10 de julho de 2010

XV Domingo do Tempo Comum - ano C - 10 de julho

       1 – O amor de Deus pela humanidade é sem limites.
       No Antigo Testamento são usadas várias expressões para nos mostrarem o amor de Deus numa perspectiva maternal. Por exemplo, o profeta Oseias, que temos vindo a escutar durante esta semana, diz-nos que Deus ama como uma mãe ama um filho, desde o ventre materno, mesmo antes de nascer. Deus cuida de Israel, dá-lhe de comer, ensina-o, protege-o contra os inimigos e ainda assim vê que o Povo se transvia. Porém, Deus é fiel e não vindicativo. "Atraía-os com laços humanos, com vínculos de amor. Tratava-os como quem pega um menino ao colo, inclinava-Me para lhes dar de comer".
       São expressões intimistas, de fazer corar um homem de barba rija. Desde quando se poderia falar do amor paternos nestes termos tão cúmplices, tão íntimos?! É essa a linguagem bíblica, procurando traduzir o amor de Deus para linguagem humana. A mãe ama de coração, mas numa amor que também é umbilical. Assim também o amor de Deus por nós brota do Seu íntimo.

       2 – Jesus, para nos falar de Deus e do Seu amor pela humanidade, utiliza imagens em que no-l'O mostra como Pai, mas um Pai próximo, preocupado, cujas características desse amor é mais feminino e materno do quer masculino. Jesus diz-nos mesmo que Deus, na relação com a humanidade, não se importa de "quebrar a cara".
       São Lucas, no seu Evangelho, deixa transparecer claramente a misericórdia divina, com uma expressividade em duas parábolas, a do "Filho Pródigo" e a do "Bom Samaritano", que escutamos neste domingo. Na primeira, Deus é comparável ao Pai, que perdoa ao filho a desonra que este lhe faz, corre ao seu encontro no regresso, faz-lhe uma festa e devolve-lhe a condição de filho. Algo de inimaginável no mundo judeu. Na parábola de hoje, ao ensinar o amor ao próximo, Jesus deixa antever também o estilo do amor de Deus: não espera que Lhe peçam ajuda, socorre prontamente, sem medo de contaminações, sem preconceitos. Um Deus que ama muito além das fronteiras culturais, políticas, religiosas e sociais que nós estabelecemos.

       3 – Deus, como vemos na liturgia da palavra, ama-nos infinitamente, como Pai e como Mãe. Para nos mostrar essa proximidade, dá-nos o Seu Filho. "Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus" (Segunda Leitura), para nos fazer entrar na Sua intimidade.
       Vivendo na intimidade de Deus, em Cristo Jesus, como fazer para d'Ele não nos afastarmos? Jesus responde-nos: "Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; ao próximo como a ti mesmo" (Evangelho), citando os preceitos já claramente ordenados no Antigo Testamento.
       Eis a recomendação de Moisés ao povo: "Escutarás a voz do Senhor teu Deus, cumprindo os seus preceitos e mandamentos que estão escritos no Livro da Lei, e converter-te-ás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma" (Primeira Leitura).
       Mas se ainda temos dúvidas sobre o próximo, ou como concretizar o amor de Deus na relação com o nosso semelhante, então voltemos a escutar Jesus: o próximo não é apenas o que precisa de mim, próximo é quem se aproxima para ajudar, voluntaria e gratuitamente, como faz o Bom Samaritano.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Deut 30,10-14; Col 1,15-20; Lc 10,25-37

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