quinta-feira, 20 de maio de 2010

Boa ideia, mãe!

       Ele era muito distraído. Um cabeça-no-ar. Péssimo para fazer recados. Mas, mesmo assim, a mãe dele insistia:
       – Ó Pedro, vai ali, se fazes favor, à mercearia do senhor Cosme e traz-me dois quilos de batatas.
       O Pedro ia e voltava a correr com uma batata na mão.
       – Então as outras? – perguntava a mãe.
       – Já vou buscar, mãe – dizia o Pedro.
       Nova corrida e nova batata. Trazia-as uma a uma...
       – Ó filho, que trabalheira! Metia-las todas num saco e trazias, de uma só vez.
       – Boa ideia, mãe. Para a próxima já sei.
       O recado seguinte tinha a ver com o porco, que tinha ficado em observação no veterinário, por causa de umas vacinas, e que a mãe não tivera ainda tempo de ir buscar. Mandou o filho.
       Quando o rapaz regressou sem o bicho, a mãe admirou-se.
       – Fui metê-lo num saco e ele não quis – explicou o Pedro.
       – Ó filho, trazia-lo para casa com um cordelinho amarrado pelo pé e tocáva-lo para diante com uma varinha.
       – Boa ideia, mãe. Para a próxima já sei.
       Pouco depois, a mãe mandou-o à feira para comprar um cântaro. Quando o Pedro chegou a casa trazia só a asa do cântaro, presa a um cordel. E ele, muito contente:
       – Fiz como a mãe disse.
       O que valia ao Pedro cabeça-no-ar é que a mãe tinha muita paciência. Ai dele se não tivesse!

António Torrado, in História do Dia (contadores de Histórias)

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