terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Imaculada Conceição e Eucaristia

       Em todos os santuários marianos ou nas devoções marianas, o centro de toda a celebração é a Eucaristia. A Imaculada quer assim porque foi assim que Ela começou. Cristo no seu coração e no seu seio virginal. A melhor forma de escutar a PALAVRA é tê-la no coração, como Ela fez toda a sua vida: quando os pastores vieram ao presépio, no encontro com os doutores no templo, e em todo o tempo de vida pública de Jesus.
       E nós quanto tempo meditamos na palavra do Senhor? Gastamos mais tempo com o nosso corpo só em alimentação do que a rezarmos ou louvarmos a Deus. O normal é gastarmos uma hora para fazermos três refeições, além dos biscates que fazemos pelo meio. Fazemos uma hora de oração por dia? E se falarmos em outras preocupações que temos com o corpo? Tomar banho, pintar, ver televisão, internet, outras diversões e dormir? Isto tudo para o corpo que hoje existe e a qualquer momento pode desaparecer? E a nossa parte espiritual? Nós levamos duas coisas deste mundo: o bem e o mal que nós fazemos. “As crianças quando nascem, nascem com as mãos fechadas; isso significa que querem tudo para elas. Mas quando nós morrermos, tanto crianças como adultos, morreremos de mãos abertas”. Porque nada serve para levar para o outro mundo. Viemos passar alguns dias de férias, mas sem sabermos quando terminam. “Quem de novo não morre, de velho não escapa”. Por conseguinte, não estejamos presos às coisas deste mundo. Elas foram criadas para nos servirmos e não para nós as servirmos a elas, ou sermos escravos delas.
       Temos sete dias por semana para nós. E não temos uma hora para dar ao Senhor na Eucaristia? A nossa ingratidão e egoísmo é muito. E dizemos muitas vezes, “vou assistir à missa”. Assistir a alguma coisa é aquilo que está fora de mim, em que eu não participo. Mas a Missa deve ser participada no seu todo, desde o princípio até ao fim. Também concordo com aqueles que vão assistir a Missa, se eles nem sequer respondem, não fazem uma leitura, não cantam, não estão com respeito, chegam tarde e são os primeiros a sair. No fim da Eucaristia, o celebrante em vez de dizer “ide em paz e o Senhor vos acompanhe”, deveria dizer, “ide em paz e que o Senhor vos apanhe”.
       Temos todos os motivos para não ir à Missa: chegou um familiar me que há muito tempo não vejo, ou uma amigo; tenho que ir a uma festa de anos; está a chover muito; está muito frio; vou a um passeio e não sei onde fica a igreja, etc. Mas se tiver uma diarreia em que me borro todo sei onde fica o hospital. Se vou fazer uma viagem de avião estou no aeroporto duas horas antes da partida; se for apanhar o comboio não chego na hora da partida, se for falar ao presidente da Câmara, ao médico, advogado, etc. chego sempre antes da hora marcada, para não perder a oportunidade. E porque é que chego à missa tarde? Infelizmente não sei dar valor à bondade, à misericórdia e ao amor que Deus tem por mim.
       Já viram alguma casa de moradia sem cozinha? Uma casa sem cozinha é morte certa porque não posso viver sem comer. Um cristão que não vai à Missa também está morto.
       A Eucaristia é o momento mais alto que nós temos na nossa vida. Onde nós reconhecemos que somos pecadores, onde achamos o Senhor, escutamos, entramos na intimidade, perdoamos uns aos outros, comemos, agradecemos e trazemos dentro de nós Jesus Cristo. E para que Ele permaneça em nós temos que ter uma vida de oração, ou seja, uma conversa amiga todos os momentos da nossa vida.


       NB – todas estas comparações não passam de lodo com as realidades inenarráveis celestiais.
 Frei António Andrade Café, OFM

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